Setecidades Titulo Violência
Santo André lança ação para agressores

‘E Agora, José?’ conscientiza homens que foram condenados por praticar violência doméstica

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/03/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Santo André lança hoje oficialmente o Programa E Agora, José?, com reuniões voltadas exclusivamente para homens envolvidos em situação de violência doméstica.

Conforme a secretária da Pasta, Silmara Conchão, os encontros vêm sendo realizados semanalmente desde outubro, de forma piloto. O projeto é coordenado pela Prefeitura em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e a Secretaria de Administração Penitenciária. “Quando o juiz classifica esse homem como agressor, ele pode estipular que as reuniões sejam frequentadas pelo condenado. Mas é preciso deixar bem claro que não se trata de mediação de conflitos, e sim punição, porque esse homem deve responder pelo crime que cometeu. O objetivo não é a reaproximação da mulher, mas sim que ele reflita sobre o papel dele na família e seus atos.”

Atualmente há 15 homens em atendimento no programa, que teve início com cinco agressores. Os encontros são semanais e costumam durar em torno de 20 semanas.

De acordo com o psicólogo, sociólogo e supervisor da ação, Flávio Urra, a metodologia é baseada em dinâmicas de grupo. Tudo é acompanhado por ele e um sociólogo. “Por exemplo, para estimular a reflexão, fazemos uma atividade onde os frequentadores precisam colocar os defeitos e qualidades como homem em um papel. Em seguida, debatemos os resultados obtidos. Outra coisa importante é que a gente nunca deixa passar uma frase machista dita lá dentro. Sempre conversamos sobre o que é falado”, explicou.

Segundo Silmara, os agressores vão tomando consciência do crime que praticaram com o passar do tempo. “Costumo dizer que existe o machista, que é aquele que tem consciência e agride a mulher para se manter no poder. Mas a maioria dos casos é daqueles que disseminam práticas machistas. Eles foram ensinados assim pela família ou pela própria religião e vão reproduzindo sem saber realmente o que estão fazendo.”

Para impedir esse tipo de comportamento nas gerações futuras, a Pasta também promove o curso Quem Ama, Abraça. O conteúdo é focado principalmente no papel da mulher, na divisão de gêneros e nos tipos de preconceito. No total, 80 professores do Ensino Básico das escolas municipais de Santo André já participaram da formação. Em abril será feito um levantamento sobre os resultados e a aplicação do que foi aprendido pelos alunos em sala de aula. “Esses profissionais estão capacitados para identificar situações de preconceito das quais as crianças participem. Além disso, promovem reorganização da sociedade, que tem o preconceito enraizado, como, por exemplo, a questão da cor rosa ser para menina e azul para menino”, afirmou Silmara.
 




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