Economia Titulo Veículos
Montadora cai para o nível de 2009

Produção de carros recua para patamar de 7 anos
atrás, quando o segmento sentia os efeitos da crise

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
06/03/2015 | 07:30
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Celso Luiz/DGABC


A indústria automobilística brasileira voltou ao patamar de fevereiro de 2009, quando o mundo inteiro sofria os reflexos da crise de crédito internacional, no que se refere ao volume de carros produzidos. Foram fabricados no mês passado 200,1 mil veículos, considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o que é ligeiramente menos (2,3%) que em janeiro, mas bem abaixo (29%) na comparação com fevereiro de 2014.

Os números, divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), refletem o movimento das montadoras para ajustar a produção ao ritmo fraco das vendas. O total de 185 mil carros zero-quilômetro licenciados no mês foi 28% menor que no mesmo período de 2014 e representa volta ao nível de comercialização de novembro de 2008, logo em seguida ao estouro da turbulência financeira.

Para se adequar à baixa demanda, as fabricantes têm feito uso de instrumentos como licenças remuneradas, folgas, lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e também PDVs (Programas de Demissão Voluntária). Mesmo assim, o segmento segue abarrotado de carros nos pátios das fábricas e nas lojas. Em fevereiro, o total estocado (329 mil unidades) atingiu 50 dias, que é o tempo necessário para liquidar esse volume pelo ritmo atual de comercialização. O ideal, segundo especialistas, são 25 dias, ou seja, metade do período. Esses estoques também estão no mesmo nível notado no fim de 2008.

Nem mesmo as exportações estão ajudando. A valorização do dólar (que ontem atingiu R$ 3) ainda não colaborou para a melhora das vendas ao Exterior, que caíram 7,2% no primeiro bimestre, principalmente por causa da crise argentina, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

EMPREGO - O dirigente assinala que, embora a produção esteja no patamar de 2009, quando havia 124,5 mil empregos no setor (incluindo fabricantes de veículos e de máquinas agrícolas), hoje a atividade está com 142 mil pessoas nos quadros de funcionários. “Isso mostra o esforço das empresas para a preservação dos postos de trabalho”, diz.

Segundo Moan, isso significa que há ainda um grande excedente de mão de obra na indústria. Porém, os cortes têm ocorrido. Excluídas da conta as produtoras de máquinas agrícolas, as montadoras de veículos reúnem atualmente 124 mil empregados, pior número desde junho de 2011, quando a atividade empregava 123,4 mil. É válido ressaltar que desde 2009 foram abertas algumas fábricas no País, o que contribuiu para elevar o volume de trabalhadores.

CENÁRIO RUIM - No cenário atual de ajustes fiscais, retração do nível de confiança do consumidor e alta da inflação e dos juros, a Anfavea já se prepara para anunciar, em abril, a revisão para baixo de suas projeções para o ano todo. Em janeiro, a entidade havia projetado para 2015 empate em vendas com os números de 2014 (3,498 milhões de veículos).


Indústria espera renovação de acordo do Brasil com México

A busca de novos mercados no Exterior é um dos caminhos buscados pelas montadoras para tentar escoar parte da produção brasileira, em meio à crise na Argentina e às fracas vendas no País. Atualmente, os governos do Brasil e do México negociam a renovação do acordo bilateral automotivo, que vence dia 19.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, assinala que há conversas também com os países andinos, como Equador e Colômbia, para a elaboração de entendimentos, e já há exportações sendo realizadas para a África.

No entanto, segundo Moan, o setor ainda esbarra em problemas de competitividade, por causa, entre outros motivos, da carga tributária elevada. “Exportamos impostos, enquanto os nossos concorrentes não. Temos 9% de tributos agregados aos nossos custos de produção”, diz.




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