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Aluno ‘problema’ é obrigado a limpar banheiro
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/09/2006 | 19:27
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A EE Augusto de Azevedo Antunes, em Santo André, adotou um método inovador e polêmico para educar os alunos de comportamento rebelde. Desde o início do mês, seis adolescentes são obrigados a limpar o prédio da escola durante as manhãs em dias alternados. Entre as atividades obrigatórias, está a varrição do pátio e a limpeza de banheiros.

Essa foi a forma encontrada pela direção para punir os garotos pelas faltas e notas baixas. “Um dia, saímos da aula para comprar lanche na rua e as professoras ficaram muito bravas. Tudo bem, nós erramos, mas não é por isso que precisamos limpar banheiro”, diz L.R.P., 15 anos.

O colega, J.M.S., 16 anos, também reconhece as falhas de comportamento, mas considera exploração. “Eles querem economizar o dinheiro pago para as faxineiras. Teríamos de ganhar alguma coisa, pelo menos. Não é legal tirar chiclete do chão.”

Para a psicóloga Renata Leote, especialista em educação de jovens, o método encontrado pela escola não vai colaborar, em nada, para a educação dos adolescentes. “A impressão que tenho é que esses professores estão atrás de mão-de-obra barata. Não dá para entender”, diz. “Toda punição deve ter um caráter educativo e, temos de concordar que não é obrigação de nenhum aluno limpar a escola. Isso seria aceitável só como trabalho voluntário, o que não é o caso”, diz a pedagoga e professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Neide Noffs.

A direção da escola justifica que a iniciativa visa tirar os alunos da rua e impedir que se envolvam em más companhias. “Antes de resolvermos pela tarefa, chamamos os pais e obtivemos a autorização. Nossa intenção é educar, não castigar ou mesmo denegrir a imagem dos estudantes”, afirma a diretora Lúcia Beltrão Souza.

A mãe de um dos garotos, porém, afirma que não concorda com a conduta da escola. “Meu filho está se sentindo humilhado. Não é direito forçá-lo a fazer esse trabalho”, diz.

Segundo os professores, a atitude é necessária porque os alunos têm um histórico de indisciplina. “Precisamos trabalhar para dar um rumo a eles. Essa faixa etária é muito complicada. Eles precisam conhecer suas obrigações e manter seus compromissos”, comenta Lúcia.

A Diretoria de Ensino do Estado informou que vai entrar em contato com a escola para averiguar o que está acontecendo. A Secretaria da Educação informou que reprova o procedimento e vai exigir explicações, já que, de acordo com os alunos castigados, a tarefa teria uma única vantagem: cancelar as faltas e evitar a perda das vagas para o ano letivo de 2007.




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