Para quem já está farto de ler sobre os desvarios da cantora inglesa Amy Winehouse, seu primeiro e recém-lançado DVD, I Told You I Was a Trouble (Universal, R$ 29, em média), é um alento. Gravado durante uma apresentação em abril de 2007, na casa de espetáculos Shepherd’s Bush Empire, em Londres, o vídeo coloca em primeiro plano o que realmente importa: o vigor e o magnetismo da artista.

O show tem duração aproximada de uma hora e meia e foi produzido antes da avalanche de escândalos provocados pelo consumo abusivo de drogas praticado por Amy. No repertório, não faltam pérolas do aclamado CD Back to Black.

Aos 24 anos, e em plena forma criativa, ela detém grande extensão vocal e não demonstra qualquer esforço para realizar performances arrebatadoras em canções como Back to Black, Rehab, You Know I’m no Good, Tears Dry on Their Own e Love is a Losing Game.

Amparada por um competente grupo de apoio, Amy confere uma abordagem moderna ao soul e ao r&b. Mas sua receita musical inclui doses substantivas de hip hop – como pode ser conferido na saborosa releitura de Doo Wop (That Thing), sucesso da cantora norte-americana Lauryn Hill.

O reggae e o ska também estão presentes nessa mistura explosiva de ritmos. Ela resgata Hey, Little Rich Girl e a divertida Monkey Man, ambas gravadas originalmente pelo lendário grupo britânico The Specials.

No palco, Amy comporta-se como a garota que, apesar da aparente segurança e do enorme talento, preserva uma necessidade de aceitação e amparo. Entre uma música e outra, não cansa de fazer piadas depreciativas sobre si mesma e de provocar o público.

“Vocês, por acaso, nunca foram a um show? A gente diz que vai tocar a última canção, mas está mentindo. É só para o pessoal pedir para voltarmos ao palco”, brinca a cantora, antes de se retirar de cena para uma rápida pausa no espetáculo.