A participação da comunidade junto ao Hospital Serraria, como é mais conhecido na cidade e na região, teve peso significativo na decisão do governo estadual em retomar as obras e também na definição da política de gestão da unidade. Os moradores foram contra a proposta feita pelo governo estadual na época da retomada das obras, e consideram uma vitória do povo o atendimento 100% gratuito. A proposta do governo era dividir o atendimento entre pacientes que têm convênio (na ordem de 40%) e gratuitamente pelo SUS (60%). O hospital é gerido pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Do relacionamento entre a comunidade e a direção do Serraria surgiu a horta comunitária, plantada por membros da Pastoral da Criança nos fundos do hospital e usada para complementar a alimentação de famílias carentes das favelas Beira Rio e Morro do Samba; a reciclagem de parte do lixo coletado no hospital e feita pela Paróquia do Jardim Eldorado; a distribuição de 80 cestas básicas doadas por funcionários do hospital e repassada para famílias carentes; e a canalização que resolveu o problema de inundação de barracos na favela Beira Rio, causada por enxurrada que descia do terreno do hospital em direção à favela.
Elita Maria Rodrigues Costa, 50 anos, que atua na Associação Oeste de Moradia, um movimento popular que congrega cerca de 15 bairros de Diadema, foi uma das lideranças que participou de manifestações pela retomada das obras do hospital e hoje é uma das interlocutoras entre a direção do Serraria e as comunidades vizinhas. Segundo ela, a luta pela retomada das obras foi intensificada a partir de 1997, com manifestações na frente do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e também em Diadema. A mobilização aumentou o sentimento de participação dos moradores próximos do hospital. "Os moradores da cidade têm consciência de que a retomada das obras e o funcionanento do hospital é uma conquista do povo", disse.
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