Setecidades Titulo
ONG recolhe cães abandonados e incentiva adoção consciente
Fernanda Borges
Do Diário OnLine
30/07/2008 | 08:58
Compartilhar notícia


"Adoção consciente é a solução contra o abandono de animais". Esse é o lema do Clube dos Vira-Latas, uma ONG (organização não-governamental) de Ribeirão Pires que abriga aproximadamente 400 cães vítimas de abandono ou maus tratos. Segundo a tesoureira da entidade, Cláudia Demarchi, cerca de 90% deles estão seriamente debilitados, com diabetes, epilepsia, doenças de pele ou ferimentos causados por maldades dos donos.

A ONG, formalizada em 2001 pela aposentada Cida Lellis, tem como foco o resgate de animais rejeitados pela sociedade e que sofrem de alguma doença. "Muitas pessoas nos procuram querendo entregar ninhadas saudáveis que acabaram de nascer, mas não temos capacidade financeira para recolher todos esses animais. Cada dono tem que ser responsável", explica Cláudia.

Apesar das dificuldades, todos os cães resgatados recebem tratamento médico. Os casos mais graves que não podem ser tratados na ONG são encaminhados para uma clínica veterinária. "Por isso, nosso saldo devedor já está enorme. Mesmo assim, não omitimos ajuda a nenhum deles. Todos aqui são tratados com dignidade e muito amor", reforça a tesoureira.

O principal objetivo da ONG é recuperar o animal para reinserção em outro lar. Para isso, os cães recebem o tratamento necessário até estarem aptos para a adoção. O problema é que muitas vezes o tratamento pode demorar, como é o caso da cadela Beth, uma SRD (sem raça definida) que, ao ser resgatada pela entidade, estava semi-paralisada por conta da dor causada por diversos ferimentos na pele.

"A Beth tem uma espécie de câncer, que não oferece risco algum ao ser humano. Com aproximadamente seis meses de vida, seu dono simplesmente omitiu socorro e a abandonou, sem dó da situação em que ela vivia", lembra Cláudia. Após duas semanas de tratamento, a cadela já recuperou seus movimentos e apresenta melhoras. "Em breve seu pêlo vai crescer de volta", afirma.

Segundo Cláudia, alguns animais resgatados passaram por situações extremas de sobrevivência. A cadela Polaca (SRD), por exemplo, foi encontrada em uma estrada sem a metade do rabo. A outra metade havia sido ingerida por ela própria por conta da fome. Ao chegar na ONG, a cachorra teve sua cauda amputada e se recupera bem - ela, inclusive, já engordou cinco quilos.

Mas não são apenas histórias tristes que podem ser presenciadas no Clube dos Vira-Latas. Um exemplo de solidariedade é a cadela Karina (SRD), que adotou um filhote abandonado que ainda estava na fase de amamentação. Karina havia perdido seus três 'bebês' alguns meses antes da chegada da cadelinha Vitória, mas seu instinto materno falou mais alto e ela voltou a criar leite. "As duas são inseparáveis", conta Cláudia.

Doações - De acordo com a tesoureira, o Clube dos Vira-Latas sobrevive basicamente de donativos. "Temos alguns doadores que fornecem medicamentos, outros alimentação. Também recebemos doações de algumas pessoas que, por meio do nosso site, ‘apadrinham' um animal e dão entre R$ 10 e R$ 20 por mês. E é assim que vamos levando, já que não recebemos nenhum tipo de ajuda do governo ou da prefeitura".

Os dados da ONG surpreendem não só pelo número de animais abrigados, mas também pelo consumo mensal de suprimentos. Por mês, em média, os animais comem entre três e quatro toneladas de ração. "Além disso, usamos muitos medicamentos e, às vezes, acabamos comprando do próprio bolso para não faltar no estoque", diz Cláudia.

Os interessados em colaborar podem fazer doações em dinheiro e entregar cobertores, roupas velhas, potes plásticos, papelão, jornais, baldes e materiais de construção. No site da entidade (www.clubedosviralatas.org.br) estão disponíveis os canais para doação.

Voluntários também são bem-vindos na ONG. Segundo Cláudia, veterinários participam de campanhas voltadas principalmente para a castração em massa, mas os animais ainda precisam de outros tipos de ajuda. "Todos os primeiros domingos do mês temos o dia do voluntariado. As pessoas podem passar o dia aqui para cuidar dos animais, seja na parte de limpeza, conserto de casinhas ou banhos. Mas os cães precisam ainda mais de um simples carinho", enfatiza.

Adoção - Quem quiser visitar o Clube no intuito de adotar um animal pode entrar em contato e agendar uma visita (diariamente, inclusive aos feriados, das 8h às 16h). Para formalizar a adoção, o interessado tem de ser maior de 18 anos e apresentar cópia do CIC, RG e do comprovante de residência. Além disso, é cobrada uma taxa de R$ 20, pois os animais já saem castrados e vermifugados.

De acordo com Cláudia, o futuro dono ainda tem de assinar um termo no qual se compromete a cuidar do animal. "Fazemos uma seleção para ver se o perfil do animal combina com o do dono, e se ele vai se adaptar. Nós não empurramos o animal, então selecionamos o dono e continuamos a fazer o acompanhamento após a adoção. Caso não haja adaptação, pedimos que o animal nos seja devolvidos e não abandonado na rua", explica.

Feira - A ONG realiza todos os sábados a feira de animais para incentivar a adoção, das 10h às 17h, no Supermercado Joanin da Avenida Francisco Monteiro, nº 1331, bairro Santana, Ribeirão Pires. Além dos vira-latas, alguns cães de raça, como poodle, fox paulistinha e cocker, são oferecidos durante o evento.

Na feira também é realizada a "Campanha do Restinho", que consiste na doação de medicamentos, como antibióticos e antiinflamatórios, que não foram usados até o fim. "Esses restos podem ser de grande utilidade para os cães", diz Cláudia.

Clique aqui para conferir o vídeo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;