Economia Titulo Previdência
Aposentados emprestam 17% a mais de consignado
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
31/01/2015 | 07:17
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A demanda por empréstimos consignados dos aposentados e pensionistas do Grande ABC cresceu 17,6% em 2014 contra o ano anterior. Segundo balanço do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), os beneficiários contrataram 296.025 operações no ano passado. Na relação com 2013, aponta o órgão federal previdenciário, a demanda aumentou em 44.233 empréstimos em 2014.

O número de contratos assinados supera o total de aposentados na região e equivale a 72,7% do total dos beneficiários do INSS nas sete cidades. Segundo o órgão, a folha de pagamento para o Grande ABC de dezembro previa 293.702 aposentadorias e 113.506 pensões.

Os segurados do Ministério da Previdência Social que recebem benefícios de caráter assistencial, como os auxílios, não têm direito ao consignado vinculado ao INSS e, portanto, não entram nessa conta.

Contribuiu para o aumento o patamar elevado de endividamento das famílias, observou o professor de macroeconomia e história do pensamento econômico da Fundação Santo André Vladimir Sipriano Camilo.

Segundo a hipótese do acadêmico, a falta de renda nos domicílios da região acaba estimulando aposentados e pensionistas a recorrerem ao empréstimo consignado.

Isso ocorre porque a operação é a mais barata entre as modalidades de crédito para consumo. Segundo o último boletim de operações de crédito do BC (Banco Central), um empréstimo pessoal custava em dezembro, em média, 6,03% ao mês. O crédito consignado, por sua vez, saía em torno de 2,07%.

A taxa é a menor no consignado porque as parcelas do empréstimo são descontadas direto na aposentadoria ou pensão. Isso gera menor risco de inadimplência para as instituições financeiras em relação a outras operações.

Dentre os destinos para esses recursos estariam os empréstimos para ajudar filhos e parentes. No entanto, destaca o assessor da diretoria da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Ewander Cezar Moraes, é necessário evitar essa colaboração familiar. “Esse dinheiro dificilmente voltará (a quem contraiu a dívida).”

Para Camilo, a renda média dos aposentados e pensionistas é baixa. “Isso faz com que eles tenham de recorrer ao consignado (para conseguir pagar as contas)”, observou.

Outro ponto que pesou para os segurados do INSS foi o aumento do custo de vida. Quanto mais as famílias enfrentam inflação, menos renda sobra, ou até mesmo falta dinheiro para os gastos básicos, como medicamentos e plano de saúde que, geralmente, consomem 70% dos ganhos dos aposentados.

Conforme o Diário publicou nesta semana, a cesta básica encareceu 11,24% na região em um ano encerrado no fim de janeiro, segundo levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). A expansão da média de preços foi quase o dobro da inflação oficial do País, de 6,41% em 2014, indicada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na avaliação de Moraes, o aumento do prazo limite para liquidação do consignado também contribuiu para a alta no número de empréstimos. No dia 1º de outubro, o INSS o ampliou de 60 vezes para 72 parcelas (seis anos). “Isso fez com que muitos aposentados que estavam endividados e não tinham condições de pagar as prestações em até 60 vezes se encorajassem, já que em 72 (pagamentos) o valor mensal acaba diminuindo.” Ele orientou ainda que esse tipo de operação deve ser realizado após muita pesquisa de juros, e somente para casos de emergência.
 




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