Segundo o médico veterinário Arquivaldo Reche Jr., especialista em felinos, o vírus foi descoberto em 1987, na Califórnia, Estados Unidos. “Foi a primeira vez que o vírus foi inoculado.” Reche, que estuda a FIV desde 1988, faz questão de salientar que o vírus só contamina gatos e não pode ser transmitido para os humanos.
Os remédios determinados são os mesmos da Aids. “Usamos AZT no tratamento dos animais doentes e alguns coquetéis”, explicou Reche. Outra semelhança com o HIV é que os gatos também podem ser portadores do vírus e não desenvolver a doença.
A principal diferença apontada pelo veterinário é a forma de transmissão. “Nos gatos, a relação sexual não é representativa. A principal via de transmissão é a saliva. Por isso, os mais infectados são os machos que têm acesso à rua e costumam sair de casa. Eles brigam e podem ser mordidos por um felino portador.” Reche revelou que cerca de 13% dos felinos de São Paulo são portadores da doença e o país com maior número de gatos infectados é o Japão.
Em Santo André, o Zoolab, um laboratório especializado em diagnósticos veterinários, realiza o exame que detecta o FIV. “Mas não é comum. Aparece, em média, um caso por mês”, explicou a biomédica Mônica Ruotti. Ela conta que, muitas vezes, o gato morre sem que o veterinário confirme o diagnóstico do FIV. “Muitos proprietários são encaminhados por seus veterinários para fazer o exame, mas quando sabem que o preço é R$ 80, desistem.”
A médica veterinária Edileine Petini, 28 anos, de São Caetano, descobriu que a gata Lua, 9, estava com FIV graças ao exame. “É o primeiro caso que trato em dois anos de clínica; e é difícil desconfiar da FIV, porque o gato apresenta sintomas de outras doenças”, disse. Reche indica os sintomas de alerta: “Infecções muito freqüentes que não respondem ao tratamento usual, problemas crônicos de pele e diarréia constante.”
Segundo Darcy Yamamoto, médica veterinária de São Bernardo, o gato Kito, 7 anos, é um bom exemplo do quadro clínico que indica o FIV. “Ele chegou com gengivite, mau hálito e sangue na saliva. Fiz uma limpeza e descobri que também havia infecção na garganta. Administrei antibióticos. Os sintomas melhoraram, mas assim que suspendi o medicamento, o problema voltou. Pedi alguns exames e, no laboratório, sugeriram o exame de FIV. Deu positivo.” Darcy é veterinária há 12 anos e esse é o primeiro caso confirmado que ela trata. “Eu já desconfiei do FIV em outros gatos, mas os donos não quiseram fazer o exame”, disse. Ela acredita que Kito contraiu o vírus em alguma briga: “Ele não é castrado, saía bastante de casa, brigava e voltava machucado”.
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