Um barraco no meio da pista da Avenida Lions, em São Bernardo, chama atenção dos motoristas que passam pelo local. Cinco pessoas moram há cerca de três meses em um espaço de dois metros quadrados, construído ao lado dos tapumes da obra do viaduto sobre o Ribeirão dos Meninos.

A reportagem do Diário esteve no local. Carros, caminhões e ônibus trafegam a menos de um metro da construção improvisada. Mesmo com o risco de atropelamento, os moradores do barraco afirmaram que não pretendem abandonar o imóvel.

"Sei que é perigoso, mas não tenho para onde ir. É melhor ficar morando aqui do que dormir na calçada", disse a catadora de latas Bárbara da Silva, 40 anos. Questionada, ela não soube dizer para onde irá após o término da obra do viaduto.

A estrutura do barraco está amparada em um tapume de madeira usado para sinalizar o desvio dos veículos. As paredes foram levantadas com placas de madeira finas. Já a cobertura é feita com restos de telhas e pedaços de lonas plásticas. Uma cadeira e um colchão velho são os únicos móveis da residência.

O cheiro de fezes, o forte calor durante o dia e o barulho dos carros são as principais reclamações da catadora de latas.

A precariedade da construção e o perigo iminente de acidentes chamam a atenção dos motoristas que passam pelo local. "A qualquer hora um carro pode perder o controle e matar todo mundo. Não sei como deixam essas pessoas morando em um local tão perigoso", questionou o engenheiro Luís Roberto Gomes, 59.

Um engenheiro da construtora OAS, empresa responsável pela obra do viaduto, que não quis se identificar, afirmou que a área onde o casebre foi erguido "não é de sua responsabilidade", portanto nada pode fazer para removê-lo.