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Decisao sobre mínimo demonstra racha no PFL
Do Diário do Grande ABC
01/04/2000 | 16:47
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A decisao do PFL de propor um mínimo acima de R$ 151 acabou explicitando ainda mais o racha interno entre os pefelistas alinhados ao vice-presidente Marco Maciel e aqueles ligados ao senador Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA). Apesar de o partido tentar mostrar unidade, a insistência do senador Antonio Carlos Magalhaes em um mínimo de R$ 177 está constrangendo o PFL, empurrado a se unir à oposiçao para protestar contra o reajuste de 11,03% concedido ao salário mínimo pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

'Acho que o PFL foi longe demais para recuar. Entre desmoralizaçao completa do partido e risco de distanciamento do governo, imagino que os pefelistas vao ficar com a segunda opçao``, diz otimista o líder do PT na Câmara, deputado Aloizio Mercadante (SP).

Mas parte do PFL está tentando encontrar uma soluçao para o impasse criado em torno da discussao do reajuste do mínimo. É bem verdade que o presidente Fernando Henrique já avisou que nao está disposto a ceder aos apelos do PFL e aprovar um salário mínimo de R$ 177 a partir de 1º de janeiro de 2001.

Este foi o caminho apontado por pefelistas ligados ao senador Antonio Carlos Magalhaes para resolver o imbróglio entre PFL e governo. Mas Fernando Henrique nao aceita esta soluçao e muito menos as lideranças do PMDB e do PSDB, que estao vendo no episódio uma chance de esvaziar Antonio Carlos.

'O presidente nao pode e nem vai sair por baixo nessa história. Nao tem porque dar sinais para ACM, aceitando mínimo de R$ 177 em 2001``, afirma um pemedebista.

E apesar do confronto com o governo, os pefelistas sao unânimes ao afirmar que pretendem continuar aliados ao Palácio do Planalto.

'O PFL sempre foi e sempre será um partido da base governista. Mas, se abríssemos mao dos R$ 177, daríamos uma demonstraçao da fraqueza``, resume o líder do partido na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE).

'O problema é que o governo tem que voltar a nos tratar como um partido da base aliada. E a saída é retomar uma relaçao madura entre os aliados do governo``, argumenta o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), do grupo ligado ao senador ACM.

O PFL ficou ressentido com o governo depois da aproximaçao do PMDB com o Palácio do Planalto. Sem dúvida que o pivô da tensao nas relaçoes entre os pefelistas e o governo foi a fixaçao do salário mínimo em R$ 151. Mas, no último mês, o PFL nao escondeu o seu descontentamento com a aliança PSDB-PMDB. Depois de cinco anos como aliados preferenciais do presidente Fernando Henrique Cardoso, os pefelistas vislumbraram, pela primeira vez, que estao perdendo o posto de principal aliado do governo.

A irritaçao dos pefelistas chegou ao auge há cerca de dez dias. A pretexto de comemorar o aniversário de 40 anos do líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves (MG), o presidente Fernando Henrique Cardoso participou de uma festa com tucanos e pemedebistas, criticou abertamente o PFL e deixou explícita a preferência pelos novos parceiros do Palácio do Planalto.

'Foi um erro o presidente ter ido a essa festa``, diz um pemedebista.

Por trás da aliança do PSDB com o PMDB, há um projeto de poder no Congresso, que inclui as presidências da Câmara e do Senado. Os tucanos sonham em conquistar a presidência da Câmara em 2001, com a eleiçao de Aécio Neves. O PMDB tem a mesma pretensao no Senado, elegendo o presidente do partido, Jáder Barbalho (PA), para o cargo.

Além disso, na avaliaçao de lideranças governistas do Congresso, o terreno em que o PFL e a oposiçao reivindicam um aumento superior a R$ 151 para o salário mínimo tem as dimensoes de um palanque eleitoral. O apelo popular da bandeira, reconhecem, torna-se irresistível quando o que está em jogo é a eleiçao do maior número possível de vereadores e prefeitos, em outubro.




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