A música do compositor norte-americano recria a atmosfera de terror para o filme. Realizado por Todd Browning (1880-1962) em plena transição do cinema mudo para o falado, Drácula deu forma e rosto definitivo para o conde vampiro sanguinário dos Montes Cárpatos, na Europa Oriental. O ator húngaro Bela Blasko (1882-1956), que virou Lugosi, foi escolhido por causa do sotaque perfeito para o papel.
Suas expressões faciais, a capa e a gravata branca foram adotados de 1931 em diante para o personagem. Antes disso, a imagem do vampiro nas telas ficou em evidência com o horrendo Nosferatu de Max Schreck, do clássico alemão de 1922, de F.W. Murnau. Depois de Lugosi, o vampiro tornou-se aos poucos um cult sedutor no cinema.
Philip Glass compôs sua trilha inspirando-se na presença do personagem, na atuação do ator. Originalmente, o filme não tinha música: como nas apresentações de cinema mudo, um pianista acompanhava a projeção tocando temas de acordo com o filme, posicionado atrás da platéia.
No espetáculo, o sexteto de Glass ficará bem abaixo da tela. O sincronismo entre a ação no telão e a execução da música sob regência de Michael Riesman tem como motivo a emoção da cena ao vivo. Emoção que o compositor norte-americano conteve ao piano na última terça-feira, dia da apresentação do espetáculo no Theatro Municipal do Rio e data do atentado terrorista nos Estados Unidos.
A embaixada norte-americana dá apoio ao evento no Brasil e o corpo diplomático do Consulado no Rio compareceu ao evento. Glass fez o espetáculo sem mencionar nenhuma palavra sobre o atentado. Ele aguardava sua mulher para passar férias em uma ilha em Angra dos Reis. Ela viria de Nova York na terça-feira, mas não pôde sair dos Estados Unidos. O espetáculo será executado na próxima quarta-feira, em Porto Alegre.
Glass fará a palestra Música no Cinema na segunda, às 18h30, no Salão Nobre da Sala São Paulo. Com exibição de trechos de filmes como Kundun, Koyaanisqatsi e Drácula, o músico comentará as trilhas que compôs. A palestra é voltada para cineastas e músicos, com vagas limitadas. Inscrições das 8h às 16h no Departamento de Formação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura (tel.: 3351-8088 e 3351-8087).
Philip on Film – Projeção e execução ao vivo da trilha sonora do filme Drácula (1931). Na Sala São Paulo – praça Júlio Prestes, s/nº. Tel.: 3337-5414. Com o Philip Glass Ensemble. Regência de Michael Riesman. Domingo, às 19h, e segunda, às 21h. Ingr.: de R$ 20 a R$ 120.
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