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Protesto contra alteraçao de código florestal reúne 2 mil
Do Diário do Grande ABC
21/05/2000 | 18:47
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Cerca de 2 mil pessoas participaram neste domingo no Parque do Ibirapuera do enterro simbólico do parecer do deputado Moacyr Micheletto (PMDB-PR) - representante da bancada ruralista no Congresso -, que propoe alterar o Código Florestal reduzindo a área de preservaçao obrigatória na Amazônia e no cerrado.

Organizado pela Fundaçao S.O.S. Mata Atlântica e Rádio Eldorado, com apoio do Greenpeace, o ato começou às 10 h, quando centenas de pessoas, com o rosto pintado e vestindo camisetas com estampas ecológicas, começaram a colorir com vassouras três telas de 60 metros de comprimento, duas delas preparadas pelo artista plástico Carlos Costa com apliques de fita crepe que serviram como "máscaras".

A primeira faixa mostrava desenhos da fauna e flora da floresta, a segunda representava o equilíbrio entre o céu (sol, chuva, deuses) e a terra, com frases como "Deus salve nossas matas". A última era um abaixo-assinado estilizado que será levado para o Congresso Nacional, onde os ambientalistas pretendem realizar outro ato quarta-feira. Com os dizeres "Deputados, salvem nossas florestas", essa faixa acolheu assinaturas, desenhos e mensagens de centenas de pessoas para os parlamentares.

Mário Mantovani, diretor de relaçoes institucionais da Fundaçao S.O.S. Mata Atlântica, lembrou que atos semelhantes estavam sendo realizados este fim de semana em diversas capitais do país, como Curitiba, Recife, Salvador, Sao Luís e Belém. Segundo ele, embora o projeto de Micheletto já tenha sido arquivado pelo governo, os ambientalistas vao fazer manifestaçoes constantes até que o Congresso vote uma alteraçao do Código Florestal condizente com as necessidades do país.

"Foi um absurdo a comissao mista do Congresso aprovar o projeto dos ruralistas e nao o da comissao técnica do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que foi discutido por mais de 5 mil pessoas em 20 audiências públicas realizadas por todo o país", destacou Mantovani. Das audiências participaram representantes de sindicatos rurais patronais e de trabalhadores de federaçoes de indústrias, do MST, além de cientistas e ambientalistas. O resultado, segundo Mantovani, foi uma proposta moderna, que estabelece incentivos aos proprietários que preservarem suas áreas e permite a exploraçao sustentável das áreas de preservaçao.

Mantovani acusa o governo de descaso com a questao ambiental lembrando que a Lei da Mata Atlântica tramita desde 1992, a que regulamenta os parques e reservas, desde 1996, e o Estatuto do Indio, desde 1990. "Aqui estamos enterrando nao só esse projeto de lei, mas toda a falta de vontade política do governo para com a questao ambiental", disse Mantovani durante o enterro simbólico, que se encerrou por volta das 13h20, depois de uma caminhada de mais de 40 minutos pelo parque.

Além dos ecologistas uniformizados, o ato contou com a participaçao de várias famílias, como o casal Roberto e Rosângela Costa, que estava com a filha Ana Luiza, 11 anos. "Sempre a trazemos a esses atos para mostrar a importância da preservaçao", disse o pai. O professor Maurício Gonçalvez levou o filho Eric, de 9 anos, que se orgulha de já ter plantado duas árvores: "Elas purificam o ar", disse.




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