Setecidades Titulo
Policial discute e atira em rapaz que trabalhava em adega
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
26/08/2001 | 21:58
Compartilhar notícia


O motorista Fernando Lemos Brandão, 25 anos, foi baleado na barriga pelo policial civil Ezequiel Dias Veiga, 40, após uma discussão dentro de uma adega no Jardim Marilena, em Santo André, sábado, por volta das 11h30. O BO 6.323 do 4º Distrito Policial afirma que o disparo foi acidental. Testemunhas que estavam no local e a família da vítima, no entanto, contestam a versão e acusam os policiais de serem corporativistas ao registrar o crime.

O problema teve início com uma discussão entre Brandão e a mulher de Veiga, a dona de casa Terezinha de Oliveira Martins Dias Veiga. Ela reclamou que a perua da adega causava interferência em sua televisão – à noite, o veículo ocupa uma vaga alugada na garagem da casa do policial, que também é locador.

O policial foi tirar satisfações com Brandão na adega, situada na mesma rua de sua casa, e encontrou o motorista empilhando caixas. “Eles discutiram, o policial invadiu meu estabelecimento e atirou no rapaz (Brandão), que estava trabalhando” disse o comerciante Humberto Rinco, 48 anos, dono da adega.

O policial apresentou outra versão, que foi relatada pelo delegado plantonista Marco Aurélio Gonçalves e está registrada no boletim de ocorrência. Segundo o depoimento, o rapaz entrou no depósito e voltou agitado, com um objeto na mão, e teria dado a impressão que iria agredi-lo (Veiga). Veiga alegou que agiu por “reflexo”. “Foi uma ato de defesa, instantâneo.”

A mãe de Brandão, a dona de casa Jurema Lemos Brandão, reclamou que a versão dos parentes e testemunhas não constaram no BO. “Eu ainda tentei incluir minha versão hoje (domingo) e até fazer outro documento, mas ninguém me atendeu.”

O delegado Gonçalves ressaltou que o documento é uma “mera comunicação do fato” e não será decisivo na apuração do crime. Gonçalves afirmou ainda que, neste caso, “a família não pode fazer um novo boletim de ocorrência porque não há necessidade, uma vez que não há nenhum fato que foi omitido ou esquecido”. E completou: “No caso, quem decide se há a necessidade de fazer um novo documento é a autoridade de plantão (o delegado)”.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;