Cerca de 100 mil metros cúbicos de água contaminada com cianureto foram vertidos acidentalmente no início de fevereiro em dois rios húngaros, o Szamos e o Tisza, num vazamento originado na mina de ouro de Sasar (Norte da Romênia).

O Tizsa desemboca no Danúbio, em território iugoslavo. A contaminaçao, que continua avançando e atingiu este domingo ao Danúbio, já deixou toneladas de peixes mortos, e chegará à Bulgária ainda esta semana e à Ucrânia até o final de fevereiro.

Com seus 2.850 quilômetros, o Danúbio é o segundo maior rio da Europa, depois do Voga. Une a Alemanha com os Bálcas depois de atravessar a Austria, a Eslováquia, Hungria, Croácia, Iugoslávia e Bulgária, antes de voltar à Romênia e desembocar no Mar Negro, na Ucrânia. Constitui a fronteira natural entre a Bulgária e a Romênia.

A Hungria temia esta segunda-feira que a poluiçao da regiao do Danúbio vá afetar a vida animal durante várias décadas. ``O cianureto se espalha pela água. Mas os elementos mais pesados, em particular minerais como zinco e o chumbo, se depositam nos trechos onde a água avança menos rapidamente', indicou, em Budapeste, Gabor Horvath, porta-voz do ministério húngaro das Relaçoes Exteriores.

``Agora é um rio totalmente estéril', acrescentou o presidente da Comissao Parlamentar do Meio Ambiente, Zoltan Illes, assinalando que, no Tisza, ``espécies inteiras foram totalmente destruídas e jamais reaparecerao'.

A navegaçao pelo Danúbio está praticamente paralisada desde a guerra de Kosovo, quando os bombardeios da Otan destruíram várias pontes iugoslavas, em abril do ano passado.

Antes dos bombardeios da Otan, 100 milhoes de toneladas de mercadorias transitavam por ano no setor sérvio do Danúbio. Em setembro passado, as perdas registradas por cada um dos países ribeirinhos eram calculadas em dezenas de milhoes de dólares. Os países mais pobres, como a Romênia e a Bulgária, sao os mais prejudicados.

O Danúbio é utilizado particularmente para o transporte de matérias-primas e o transporte de veículos a partir dos centros de produçao da Europa Central.

A retirada dos restos de pontes destruídas, que impedem a navegaçao, ainda nao começou, já que os ocidentais se negam a aceitar uma condiçao estabelecida pela Iugoslávia, que exige a reconstruçao de pelo menos uma das pontes antes de dar sua autorizaçao para a limpeza do rio.