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Interpretar a Dona Benta no Sítio do Picapau Amarelo, da Globo, tem um significado especial para Bete Mendes. Em quase 40 anos de carreira – seu primeiro trabalho profissional foi no teatro, em 1968, na peça A Cozinha –, a atriz nunca tinha feito algo específico para o público infantil.
PERGUNTA: Você emendou o Sítio do Picapau Amarelo com a novela Páginas da Vida. O que motivou sua decisão de aceitar o convite?
BETE MENDES: Vou fazer uma comparação que parece estranha, mas não é. As histórias do Harry Potter são fantásticas. A escritora inglesa J.K. Rowling se tornou um dos maiores sucessos do mundo depois que descobriu como trabalhar essa ingenuidade. Não tiro o mérito dela, mas o Monteiro Lobato é maior, porque conta a nossa história, a nossa memória. E tem essa mesma ingenuidade, com personagens em relações saudáveis.
PERGUNTA: Que tipo de relações?
BETE MENDES: Normais, de família e amizade mesmo. Não existem seres superiores poderosos, a solução está sempre no amor. As crianças de hoje em dia não sabem mais o que é um estilingue, não brincam como antes. Vejo a Emília como uma das criações mais fantásticas da história mundial. É uma menina crítica, charmosa e de pano, um material simples. O Sítio do Picapau Amarelo é um dos poucos programas que resgatam isso.
PERGUNTA: Essa é a primeira obra infantil de sua carreira. O que você está achando dessa mudança?
BETE MENDES: Tudo que é novo traz motivação. Eu estou empolgada e feliz. Como grande parte da população brasileira, eu lia os textos do Monteiro Lobato desde pequena e era apaixonada por suas obras. O considero um dos maiores autores do mundo não só para as crianças, mas para todo o imaginário do público em geral. O nosso país tem mitos lúdicos e fantásticos como Cuca, Caipora, Mula-sem-cabeça, Saci-Pererê, entre vários outros, e ele trabalha bem esse tipo de literatura. Além disso, tem essa relação linda da avó com seus netos e com a Tia Anastácia. Eu enxergo no Sítio do Picapau Amarelo um imenso Brasil, já que explora uma riqueza de gostos e de comportamento. A cultura indígena, espanhola, portuguesa, escrava, enfim, está tudo refletido ali.
PERGUNTA: Você é a quinta Dona Benta da TV. Como foi o trabalho de composição com tantas referências?
BETE MENDES: Cada atriz tem sua forma de trabalho. Gostei de todas que interpretaram, principalmente a Zilka Salaberry. Mas como a idéia é se prender ao máximo ao texto original, me recordei da Dona Benta que conheci através do livro. É claro que foi tudo muito rápido, não deu para fazer uma pesquisa profunda, mas se o texto segue essa linha, é melhor usar essa estratégia.
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