Uma novidade promete revolucionar os treinos de natação dos atletas brasileiros. Com objetivo de otimizar o tempo e aperfeiçoar os movimentos dentro da água, foi desenvolvido na Suíça um software capaz de capturar imagens por meio de câmeras e comparar com outros desempenhos, avaliando possíveis erros de braçadas e oferecendo possibilidade de correção de forma imediata. A técnica tem sido aplicada no País por Roberto Piovesan, ex-atleta da Seleção Brasileira.

O equipamento é instalado em uma espécie de carrinho, sendo que uma câmera fica posicionada no nível da água e outra um pouco acima. As imagens são enviadas de forma simultânea para o software que faz comparações com os movimentos mais perfeitos possíveis já realizados, possibilitando ao treinador indicar ao atleta onde ele precisa melhorar.

"No Brasil, apenas eu e mais dois profissionais possuem esse recurso. Ele foi criado para a NBA (liga de basquete norte-americana) e depois acabou sendo adaptada para outros esportes. Na natação é novidade. Com esse equipamento é possível reduzir pela metade o tempo de treinamento do atleta, já que ele trabalha exatamente onde precisa", explica Piovesan, que nasceu e mora em Santo André.

Com a nova tecnologia, a expectativa é que os atletas de ponta deixem de treinar no Exterior, onde o equipamento já é utilizado há algum tempo, e fiquem no Brasil. "Desde 2000 já é usado tecnologia similar nos grandes centros europeus e também nos Estados Unidos. Claro que agora houve aperfeiçoamento e as informações estão muito mais claras no programa", comenta Piovesan.

Apesar de novidade na natação, o equipamento já é utilizado no Brasil em outras modalidades. "Nos saltos ornamentais e no nado sincronizado, principalmente. Isso porque ele mostra com exatidão os movimentos e por isso é tão importante", completa Piovesan, que comanda clínicas em clubes onde captura as informações e deixa um relatório que é usado nos treinamentos.

Outro software utilizado pelo profissional é o que mede a potência do nadador. Basicamente, o atleta coloca um sinto que é preso a cordas e essas chegam a um sensor. Dentro da água, o equipamento capta a força exercida pelo nadador e consequentemente a possível perda de potência em determinado momento, o que pode ser decisivo em algumas provas. Esse equipamento também é usado pela Confederação Brasileira de Natação com os principais atletas do País.

Atleta sente benefícios na prática

Entre os poucos atletas que já tiveram o privilégio de testar o novo equipamento está José Belarmino, 33 anos, que já defendeu a Seleção Brasileira e que hoje defende a equipe da academia Top Spin & Big Ball, de São Bernardo.

Como não podia deixar de ser, ele ficou encantado com a tecnologia e lamentou ter tido acesso ao equipamento tão tarde. "Posso dizer que passa a ser imprescindível para todos os atletas de alto rendimento. Ele permite que você treine bem menos dentro da água, já que pode fazer duas horas de nado e depois analisar as imagens e corrigir para o próximo período. Antes, ficávamos cerca de oito hora por dia treinando", compara.

O nadador acredita que o equipamento será decisivo em muitas competições de tiro curto. "Em prova de 100 metros, por exemplo, muitas vezes a vitória acontece por milésimos de segundo. Imagine o que um movimento bem feito pode tirar de tempo? Principalmente nessas provas onde não se pode errar, quem usa esse tipo de equipamento levará muita vantagem", prevê.

Apesar de bastante experiente, o nadador confessa que não consegue perceber dentro da piscina o que está errado. "Por mais que você nade é quase impossível detectar um erro a não ser que seja algo grosseiro. De fora, olhando as imagens no computador fica muito mais fácil". explica Belarmino.

A expectativa é que o equipamento possa ser usado durante a competição. "Geralmente, as grandes provas possuem a classificação pela manhã e a final à tarde. Com isso é possível gravar o desempenho anterior e corrigir imediatamente para a decisão", completa o treinador Roberto Piovesan.