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Vereador acusa Olívio Dutra por conivência em degola de PM
Do Diário do Grande ABC
08/08/2000 | 17:53
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Na passagem dos 10 anos do assassinato do PM Valdeci Lopes, degolado por golpes de foice pelos sem terra num confronto no centro da capital gaúcha, o vereador Joao Dib (PPB) acusou o entao prefeito e atual governador Olívio Dutra (PT) de ter sido "conivente com o crime".

Segundo Dib, o entao prefeito Olívio Dutra abrigou e escondeu centenas de colonos, entre os quais os assassinos, no prédio da prefeitura, em que muitos "cortaram os cabelos e trocaram de roupas" para evitar a identificaçao dos criminosos pela Brigada Militar quando saíssem do prédio, que estava cercado pela polícia.

O degolamento de Valdeci foi um dos episódios mais marcantes na luta entre MST e Brigada Militar no Rio Grande do Sul, iniciado por um confronto violento na Praça da Matriz, na frente do Palácio do governo. Na seqüência, sem-terra em fuga passaram pela área central, ocorrendo um enfrentamento localizado entre o PM Valdeci, que fazia policiamento de trânsito, e integrantes do MST. O conflito terminou com a morte por degolamento do soldado com uma foice. Seis sem-terra foram processados e condenados por co-autoria a penas de até sete anos, cumpriram parte da pena, recebendo posteriormente indulto ou liberdade condicional, nao tendo mais ninguém preso. Todos foram assentados e os autores diretos do crime nunca foram identificados.

O toque de silêncio, tocado pelo sargento Ivo Soares, do 4º Regimento de Cavalaria Montada, e a colocaçao de flores na frente do monumento em homenagem à Valdeci, no Largo que leva seu nome, marcaram o início da cerimônia, que contou com a presença de muitos oficiais e soldados da Brigada Militar, entre eles o chefe do Estado-Maior, coronel Ataíde Moraes Rodrigues, que classificou o crime como "ato de covardia, repudiável".

O coronel Ataíde, no entanto, nao rotularia o crime como uma característica violenta do MST, mas "de algumas pessoas com índole violenta". O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) foi duramente criticado por todos os que falaram na cerimônia, como o vereador Joao Dib, dizendo ser necessário "rememorar sempre esta violência", lembrando que, como vereador, assistiu com seus próprios olhos no interior da prefeitura a "maquiagem dos colonos, com cortes de cabelo e troca de roupas", para evitar sua identificaçao e com a conivência do entao prefeito Olívio Dutra.

A viúva de Valdeci, Sônia, que casou de novo, nao compareceu na cerimônia, nem a filha do casal, Carine, hoje com 10 anos de idade. Um dos seis colonos condenados, Idone Bento, revelou agora que os verdadeiros autores do crime seriam outros dois sem-terra, também assentados, conforme ficou sabendo há dois meses, mas nao os identificou publicamente,

Já na cerimônia de homenagem à Valdeci, o diretor jurídico da Farsul (Federaçao da Agricultura, que reúne os grandes fazendeiros), Nestor Hein, acusou o MST de "covarde e clandestino" e de praticar "açoes terroristas". O presidente da Associaçao de Cabos e Soldados da BM, cabo Pedro Moraes, repudiou a "forma brutal e o assassinato do soldado Valdeci", enquanto o presidente da Associaçao de Comissários da Polícia Civil, Francesco de Paula, em solidariedade aos PMs, condenou a violência do "movimento terrorista" do MST.

A mesma classificaçao de "movimento terrorista" foi dada pela fazendeira Manuela Nunes, que pediu para todos lutarem juntos contra o MST, uma vez que os sem-terra "já invadem as cidades e vao ocupar casas e apartamentos".




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