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Rafael Guelta (Santo André, 1º-8-1954 – 2-1-2015)
Ademir Medici
07/01/2015 | 07:00
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Rafael Guelta foi um dos mais criativos jornalistas que o Diário revelou. Não tinha 20 anos de idade quando começou entre nós, na fase de transição da Redação da casinha que ficava defronte às oficinas da Rua Catequese e o prédio do Palácio da Imprensa, que ele inaugurou.

Atuava, então, no quarto andar, espaço nobre da Redação, ao lado de ícones como o diretor de Redação e editor-chefe, Fausto Polesi, e o editor de Economia e que deu vida à coluna Primeiro Plano, Julio Pinheiro, pseudônimo de Hermano Pini Filho.

O editor da seção de Variedades, hoje caderno Cultura&Lazer, era outro gênio que colaborou com o Diário, Paulo Klein: que revolucionou o setor cultural do jornal.

Pode-se dizer que Rafael Guelta foi um profissional da área cultural que o jornalismo econômico passou a mão.

A imagem que guardamos de Rafael Guelta é a do gordinho cabeludo, de óculos, estilo Beatle. Amadureceu no Diário com matérias clássicas e certamente influenciadas pelos primeiros – e brilhantes – tempos do Jornal da Tarde. Rafael dava aos assuntos locais da área cultural a mesma importância e robustez que oferecia aos assuntos que escapavam dos limites regionais.

Ligado à memória, Rafael gostava de contar histórias da sua infância em Santo André. Residia no Centro: “Você acredita que a gente jogava bola no meio da Rua Senador Flaquer, improvisando traves naqueles paralelepípedos?”, indagava, surpreso com a própria recordação.

Acreditamos, sim, Rafael, o querido Rafa, como era carinhosamente chamado entre os colegas jornalistas.

O ANDREENSE

Rafael Guelta era filho de um casal de professores, Devino Guelta, exímio datilógrafo, e Dolores Mostazzo Guelta – e foi o Rafa que nos falou das raízes históricas dos Mostazzo em Santo André.

Pelo Diário passou pelo menos em dois momentos, antes de bater asas, em definitivo, rumo a outras plagas. Atuou na Tribuna do Ribeira (ligada à Tribuna de Santos), Barra Bonita, fez revista ligada ao ramo têxtil em Americana, fez assessoria de imprensa na Volkswagen do Brasil, em São Bernardo. Atuou na revista LivreMercado e no governo do Estado.

“Trabalhou até o fim”, testemunha o irmão, Ricardo Guelta, produzindo boletins informativos para a Fiesp. E aqui não há como não lembrar que outro andreense, o advogado Haroldo dos Santos Abreu, o primeiro jornalista que assessorou o Ciesp/Fiesp, na área de comunicação, ao criar e manter por anos o boletim informativo das entidades.

Já Rafael colecionou prêmios, ótimas fontes e colegas de profissão. A ética profissional era seguida e difundida por ele.

Rafa deixa os irmãos Ricardo e Mariângela e o filho Robin. Parte aos 60 anos. Foi sepultado no Cemitério Aléias, em Campinas, às 13h30 do último sábado. A mesma Campinas onde está sepultado Hermano Pini Filho, com quem trocou muitas figurinhas sobre o noticiário econômico.

Uma nova São Caetano

Texto: José de Souza Martins

Na primeira quinzena de janeiro sairá meu livro Diário de uma Terra Lontana – Os faits divers na história do Núcleo Colonial de São Caetano,edição da Fundação Pró-Memória, 257 páginas, com ilustrações. A diagramação é de Roberta Giotto.

Haverá um lançamento em data a ser definida, entre o fim de fevereiro e início de março, com uma conferência sobre ‘a outra história de São Caetano’, a que não foi contada, porque neste livro são também personagens os moradores do que chamo território perdido de São Caetano, a extensa parte do antigo bairro do Tijucuçu e da fazenda beneditina que não foi incorporada ao município de São Caetano.

É o território da saga dos descendentes dos índios administrados que povoaram o bairro e foram libertados da servidão em 1757, que desencadearam uma luta contra os grileiros das terras dos beneditinos quando o Núcleo Colonial já havia sido fundado. Em 1883, 34 trabalhadores rurais foram presos. Eram ocupantes das terras comunais de São Caetano, cujo caráter público e comunal defendiam, contra grileiros de terras.

Identifiquei boa parte dos navios que trouxeram imigrantes que vieram para São Caetano, com as respectivas listas.

O livro muda substancialmente a história vulgarizada do município.

Diário há 30 anos

Domingo, 6 de janeiro de 1985 – ano 27, nº 5716

Grande ABC – Prefeitos anunciam, otimistas, prioridades para 1985:

  • Santo André (Newton Brandão) – enfrentar o desemprego e melhorar a limpeza pública.

  • São Bernardo (Walter Demarchi, interino) – Construir o estádio municipal e urbanizar as favelas.

  • São Caetano (Walter Braido) – Construir um prédio para a Apae.

  • Diadema (Gilson Menezes) – Programa de guias e sarjetas.

  • Mauá (Leonel Damo) – Redes de água e esgoto.

  • Ribeirão Pires (Valdírio Prisco) – Pavimentar as ruas dos bairros Roncon, Santana e Santa Luzia.

  • Rio Grande da Serra (Willian Ramos) – Trazer asfalto para a cidade.

Comércio – Novos shoppings atestam o retorno ao consumo. Escreve Elianete Simões: “Dentro de dois anos São Bernardo deverá reunir num raio de dois quilômetros 343 lojas destinadas aos consumidores de médio e alto poder aquisitivo, com o lançamento de dois grandes shopping centers”.


Infraestrutura – Maria Helena Domingues mostra que as velhas redes de água têm criado problemas na região.

Agricultura – Iracema Regis registra que o Grande ABC tem perdido seus plantadores de frutas.

Igreja – Diocese de Santo André lança cartilha crítica ao sistema e de exaltação à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
 

Esportes – Adauto Domingues, do Sesi Santo André, vence a Corrida de Reis em São Caetano.

Em 7 de janeiro de...

1540 – Dom João III cria um governo geral no Brasil, com sede em Salvador (Bahia). A ele ficam sujeitas todas as capitanias. Thomé de Souza nomeado o primeiro governador.

1865 – O gabinete presidido pelo conselheiro Furtado chama às armas os ‘Voluntários da Pátria’ de todo o País. São organizados batalhões, imortalizados nos campos do Paraguai.

1890 – O governo provisório da República brasileira decreta a separação entre Igreja e Estado.

1915 – A guerra. Da manchete do Estadão: ‘Na Bélgica, os alemães fizeram dois ataques infrutíferos na região das dunas’.

1920 – Nasce, em São Caetano, Eduardo Ferrero, industrial e vereador de Santo André, como representante do então Distrito de São Caetano.

1930 – Prefeitura de São Bernardo solicita à Light & Power Co. Ltd. a colocação de lâmpadas em ruas do município: no Distrito de Santo André, duas lâmpadas na Rua Laura e quatro na Rua Saldanha da Gama; no Distrito de São Caetano, cinco lâmpadas na Rua das Esmeraldas, quatro na Rua Nilo Peçanha, 15 na Vila Paula e quatro na Rua Margarida Pires.

1940 – Encerramento dos festejos natalinos em Mauá, com missa por intenção dos benfeitores da construção da nova igreja matriz. No Largo da Matriz, último dia da quermesse, que é abrilhantada pela Lira Musical de Mauá.

1955 – Câmara de Mauá realiza a sua primeira sessão extraordinária, a que inaugura o Legislativo local. Eram 11 vereadores, representantes do PTB (com quatro), PSP (três) e PDC, PSD, UDN e PTN, com um vereador cada.

1970 – Trabalhadores da Pirelli obtêm reajuste de 4%.

Santos do dia

  • São Raimundo de Penyafort, Peñafort ou Penhaforte era de nobre família catalã e faleceu em 1275, aos 100 anos de idade. Fundou com São Pedro Nolasco a Ordem das Mercês, para a libertação dos cativos.

  • Luciano

  • Teodoro

  • Bem-aventurada Lindalva Justo de Oliveira.

Hoje

  • Dia do Leitor.




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