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Obama e Raúl esqueceram o principal

‘Ahora, llevamos adelante, pese a las dificultades, la actualización de nuestro modelo económico para construir un socialismo próspero e sostenible’

Do Diário do Grande ABC
04/01/2015 | 09:21
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Artigo

‘Ahora, llevamos adelante, pese a las dificultades, la actualización de nuestro modelo económico para construir un socialismo próspero e sostenible’. Raúl Castro, em discurso ao povo cubano no dia 17 de dezembro.

Num dia de outubro de 2012, enquanto caminhava ao longo do Malecón habanero, ia observando o incessante bater das ondas contra os molhes que protegem a cidade. Retornara a Havana, passados dez anos da minha visita anterior, para conhecer as mudanças que se dizia, então, estarem ocorrendo no país. Gastara os dias anteriores perguntando às pessoas sobre essas mudanças. ‘Câmbios? No hay cambios!’, asseguravam-me aqueles com quem falava. De fato, tudo parecia apenas dez anos mais velho, dez anos mais deteriorado, exceto pela novidade dos telefones celulares. ‘Mas um dia o mar vencerá o muro’, ia pensando enquanto contemplava a baía de Havana.

Lendo os jornais de hoje, pergunto-me: será este o momento? Será agora que Cuba tomará a decisão certa, o caminho da democracia sonhado por tantos cubanos, exauridos de liberdade e criatividade por governo comunista, de feitio leninista? A frase com que abro este comentário, feito em cima dos acontecimentos, deixa margem para muitas dúvidas. O ditador Raúl Castro pretende instalar-se sobre contradição – ‘socialismo próspero’. Ora, isso não existe. O que pode existir é ditadura com capitalismo, tipo chinesa.

Diante disso, vê-se que Obama acaba de prestar desserviço ao povo cubano. Se era para fazer acordo, que previsse a abertura política. Ao isolar das negociações o povo da ilha, ele reproduz a conduta brasileira, que socorre o ditador em suas necessidades materiais ajustando o estribo para que ele possa continuar cavalgando a nação cubana. Huber Matos, um dos principais comandantes da revolução, no livro Cómo Llegó la Noche, relata conversa que teve com Fidel, indagando-o sobre quando iria cumprir a promessa de permitir aos trabalhadores a participação no resultado das empresas. Na resposta, o líder afirmou que isso seria impossível porque quando o trabalhador adquire independência econômica logo vai atrás da independência política.

O modelo político cubano, segundo a própria definição de Fidel Castro, é marxista-leninista, ou seja, tem total desapreço à democracia e às liberdades que normalmente a acompanham. Se a questão política interna de Cuba não faz parte da pauta negociada entre Raúl e Obama com as bênçãos do papa Francisco, então esqueceram o principal. Cuba não é negócio da família Castro & Castro Cia. Ltda, com a qual Obama faz acertos, mas nação insular onde, há mais de meio século, 11 milhões de pessoas trabalham como escravas do Estado. Um dia, contudo, o mar vencerá o muro.

Percival Puggina é integrante da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor.

Palavra do leitor

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Leitura
Venho informar sobre o fechamento da sala de leitura do Parque São Bernardo. Na metade do mês de dezembro anunciaram uma reforma sem previsão de início (e muito menos do término) do prédio que, além da sala de leitura, comporta atividades como dança, teatro e circo, voltadas às crianças da comunidade pela Fundação Criança e o Projeto Semente. A sala de leitura existe desde a década de 1980 e funciona como instrumento de passagem de informação, conhecimento e cultura. Aos 16 anos, participei do projeto Contando História, no qual pude ver de perto como as oficinas e o trabalho realizados ajudavam tantas pessoas. Creio que as reformas são necessárias, porém a população tem o direito de saber exatamente o prazo para uma reforma rápida, que não prejudique as atividades das crianças e de seus frequentadores.
Nicoli Gabriel de Lima
São Bernardo
Maldade

Lendo a revolta dos leitores, em suas cartas aos jornais, sobre a promessa de campanha da presidente de não mexer nos direitos trabalhistas ‘nem que a vaca tussa’ fiquei deveras indignada com tanta maldade: quem disse que ela está mexendo nos direitos trabalhistas? Vejam a belíssima dança das cadeiras (digna de qualquer sarau dos séculos passados) entre os agraciados com emprego nos ministérios! Fora aqueles amigos (ou cúmplices?) que foram rejeitados nas urnas! E os ‘cumpanheros’ da finada Petrobras? A amiga sem graça continua firme e forte na presidência da companhia com todos os direito preservados! Além de tudo, as medidas que estão sendo tomadas hão de propiciar economia de forma a garantir as benesses e/ou pagamentos aos aliados para votações de interesse do governo! Os direitos de aliados e companheiros estão preservadissimos e o salário mínimo recebeu o fabuloso aumento de 8%. Querem maior felicidade para 2015?
Aparecida Dileide Gaziolla
São Caetano

Inchaço
Após me informar dos dados da Secretaria de Gestão Pública, ligada ao Ministério do Planejamento, onde quase 900 mil cargos são distribuídos entre os 39 ministérios e a Presidência da República, eu concordo plenamente com o analista econômico, Raul Veloso, quando ele afirma que 75% do orçamento federal é para pagar salários e benefícios. Eu até arriscaria afirmar que essa prática é seguida também pela grande maioria dos 3.852 municípios brasileiros. Há alguns anos, se perguntasse à uma criança, o que ele gostaria de ser quando crescesse, a resposta seria: médico, engenheiro, químico e por aí vai. A mesma pergunta nos dias atuais, a resposta será: funcionário público.
Edgard Gobbi
Campinas 




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