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CDHU marca desocupação no Jardim Santo André
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
12/01/2010 | 07:39
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A desapropriação de cerca de 150 famílias no Jardim Santo André, em Santo André, já tem data marcada para acontecer. Será na segunda-feira, segundo os moradores do local, que receberam o aviso de despejo.

De acordo com líderes comunitários, funcionários da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) disseram que essas pessoas serão obrigadas a sair dos imóveis na data marcada. Eles teriam dito ainda que a Polícia Militar será chamada para participar e dar apoio na ação de remoção. Procurada pelo Diário, a CDHU não deu qualquer informação sobre a ação que pretende adotar no bairro.

Essas famílias moram em áreas de risco, como encostas no alto dos morros, ribanceiras ou barracos de madeira. No total são 1.937 famílias em situação precária. Alguns deslizamentos de terra vêm ocorrendo desde outubro, quando as primeiras foram retiradas do local e levadas para alojamentos em obras inacabadas, creches, barracas de lona em terrenos da região ou em ginásio esportivo.

Os imóveis que serão desocupados foram marcados com uma pichação em azul e um número. As casas que não serão mexidas ganharam placa de plástico branca.

"Não tem coisa pior do que acordar e ver esse número na minha porta", disse Valeria Aparecida Granado, 43 anos.

Para o motoboy Edson Duarte, 35, a CDHU não utilizou nenhum critério para tirar as famílias do Jardim Santo André.

"Não tem coisa pior do que saber que querem tirar a sua casa, mesmo ela estando em boas condições. Além do mais, não me ofereceram nada, nem indenização ou moradia. Vou para onde?", questiona Duarte. Na semana passada, ele foi até o escritório da CDHU no Jardim Santo André e recebeu a notificação para deixar a casa que fica na Rua Maronitas na segunda-feira.

MANIFESTAÇÃO - Uma comissão formada por moradores da região vai se reunir, no começo da tarde de hoje, na sede da CDHU, com funcionários da companhia para propor uma saída para o impasse. Caso não haja acordo, prometem fazer passeata até a frente da Prefeitura de Santo André.

"Queremos uma definição, o que não pode acontecer é falar que a gente tem que sair e pronto", afirma Duarte.

Abrigados em ginásio reclamam do calor intenso

Nove famílias que moravam no Jardim Santo André e estão alojadas desde o dia 21 de dezembro, no Complexo Esportivo Pedro Dell'Antonia, na Vila Pires em Santo André, reclamam das condições do local.

Uma das maiores queixas é calor que faz durante o dia e na hora de dormir. Os refletores ficam ligados 24 horas por dia, o que aumenta ainda mais a temperatura ambiente.

"Isso que estão fazendo com a gente é uma judiação. A criançada fica doente quase todo o tempo e ninguém consegue dormir tranquilamente", disse o desempregado Adriano da Silva, 33 anos.




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