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FHC cuida pessoalmente da manutençao de Renan na Justiça
Por Do Diário do Grande ABC
13/06/1999 | 19:19
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O presidente Fernando Henrique Cardoso cuidou pessoalmente, durante todo o dia de hoje, das articulaçoes para manter em seu governo o ministro da Justiça, Renan Calheiros, pelo menos a curto prazo. Dentro do PMDB já existe uma certeza: Renan só continuará no ministério caso receba um tratamento que compense todo o desgaste sofrido na crise da semana passada. O termômetro será testado amanha (14), na reuniao que o presidente terá com os ministros que nao participaram da conversa da semana passada, incluindo o ministro da Justiça.

Outra exigência dos peemedebistas é que críticas vindas de aliados, como foram as declaraçoes durante a semana do ministro das Comunicaçoes e articulador político do governo, Pimenta da Veiga (PSDB), e do governador paulista, Mário Covas (PSDB), nao voltem a ocorrer. Esse aviso foi dado pessoalmente a Fernando Henrique pelo presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), que hoje pela manha esteve por quase três horas no Palácio da Alvorada.

"Se alguém pensa em afastar o PMDB do governo, ou tirar o ministro Renan Calheiros, está redondamente enganado", ameaçou Jader.

A tarde, o presidente recebeu dois tucanos - o ministro Pimenta e o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (SP) - para tentar apagar definitivametne o incêndio na base aliada.

Apesar da expectativa dos peemedebistas, o presidente deverá repetir nesse encontro de amanha o recado dado a um grupo de ministros na quarta-feira passada, quando exigiu dos seus colaboradores fidelidade total. "O presidente pretende repetir o que disse aos ministros na primeira reuniao: é cara ou coroa, ministro é do governo, e nao do partido", relatou Pimenta ao deixar a residência oficial do presidente, onde almoçou e permaneceu por mais de três horas.

"Tudo vai depender de como Renan será tratado", adverte o vie-líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "Se Renan sair, a crise pode se alastrar no PMDB e afetar seriamente o núcleo do partido que mais apóia o presidente Fernando Henrique", completa ele, cobrando uma manifestaçao pública de apoio ao ministro da Justiça. "O PMDB quer poder continuar colaborando com o governo", sustenta o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP).

Mesmo com o esforço do presidente Fernando Henrique, a paz nao deve ser selada tao rapidamente, como ele deseja. O tom do ministro Pimenta da Veiga, ao deixar hoje o Alvorada, foi sintomático. "Da mesma forma que questoes partidárias nao devem interferir na vida do governo, o governo nao vai cuidar das questoes internas dos partidos", avisou o tucano. "Cada partido que cuide de si."

Pimenta demonstrou que os atritos na base nao sao fáceis de ser resolvidos. "O presidente nao vai discriminar, nem distingüir ninguém, vai tratar todos iguais", disse, antecipando o clima da reuniao desta segunda.

Reforma - Segundo Pimenta da Veiga, nao haverá nenhuma modificaçao de Ministério neste momento. "O governo é este que está aí e nao vai ser modificado", garante. Mas, embora o ministro tucano negue mudanças no primeiro escalao, é numa reforma ministerial esperada para acontecer até agosto que o governo pretende recompor o rombo causado no PMDB, com uma "transiçao pacífica" no Ministério da Justiça.

Na avaliaçao de auxiliares próximos de Fernando Henrique seria esse o momento adequado para substituir Renan, cuja mágoa com o governo será difícil de ser curada.

Além do ressentimento, o ministro do PMDB acabou ficando muito desgastado dentro do governo, segundo um interlocutor do presidente. A idéia da transiçao pacífica é aceita pelos próprios peemedebistas. "Lá para frente, na reforma ministerial o PMDB pode muito bem indicar outro nome para substituir Renan", concordou um dirigente peemedebista. "Ficaria bem para o partido e para o governo, mas agora ninguém aceita a saída de Renan", completou.

Tortura - O ministro Pimenta da Veiga confirmou a intençao do governo de empossar na direçao da Polícia Federal o delegado Joao Batista Campelo, acusado de ter participado de sessoes de tortura na década de 70. "O governo fez uma avaliaçao e nao constatou nada que inviabilizasse Campelo, a nomeaçao já está feita", afirmou Pimenta.

O ministro ressaltou que, havendo provas contra Campelo, o governo tomará providências. "O governo nao pode agir sob suspeitas", insistiu ele.




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