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O novo Quinze

A história do Brasil é repleta de secas memoráveis

Do Diário do Grande ABC
28/11/2014 | 08:05
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Artigo

A história do Brasil é repleta de secas memoráveis. Assim como é bem recheado o rol de escritores dedicados a esse tema, invariavelmente retratado no sertão nordestino. Mas aqui gostaria de lembrar a importante seca de 1915, que ganhou relato marcante de Rachel de Queiroz, no livro O Quinze, título que justamente remete ao ano da estiagem. Além do sofrimento pela falta d’água, o povo teve de engolir a criação do Campo de Concentração do Ceará. Ali foram juntadas cerca de 8.000 pessoas, que eram alimentadas de forma básica e viviam sob vigília de soldados, afinal o motivo do campo era evitar que esses famintos invadissem a capital atrás de comida.

Triste. E lá se foram quase 100 anos dessa grande seca. “– E nem chove, hein, Mãe Inácia? Já chegou o fim do mês... Nem por você fazer tanta novena. (...) – Tenho fé em São José que ainda chove! Tem-se visto inverno começar até em abril.” Este é o primeiro diálogo da obra de Rachel. Inicia com esperança, mas segue com a crueza dos fatos, a dureza da vida na seca, mortes e dor de não ter a quem recorrer. A autora, em seus tenros 20 anos, teceu relato emocionante. A denúncia do sofrimento de um povo, um alerta, e até – por que não? – pedido de socorro.

Mas o grito não foi ouvido. Lá se foram quase 100 anos. Estamos prestes a entrar em 2015 e ainda lemos notícias como a de escola nordestina que usa água de riacho poluído para fazer comida para as crianças. E a crise de água chegou à riquíssima São Paulo.

Em 1915, não havia televisão nem Copa do Mundo, ninguém imaginava a internet, cartão de crédito ou urna eletrônica. E hoje tudo isso existe. O mundo evoluiu. Avançou monstruosamente... em termos tecnológicos.

Só que a falta de água persiste, mesmo com tantos gritos de socorro, literários ou não. Se há dinheiro para buscar petróleo, por que não perfurar o Aquífero Guarani? Se é possível explorar o pré-sal, por que é considerada tão cara a dessalinização da água?

“Ele trazia um pão, rapadura e um pouco de café. E o alvoroço da meninada que o acolheu, e lhe arrebatou as compras, bem lhe pagou as tristes horas do dia, curvado sobre a pá, em tempo de morrer de calor e cansaço”.

O personagem de Rachel de Queiroz mostra como é pouco o que se extrai da terra seca. Mas o Brasil é rico demais para que façam tanta festa só por pão, rapadura e café. Não precisaríamos estar na ameaça de viver novo Quinze. Nem em São Paulo nem em qualquer canto do País. Já inventaram a urna eletrônica, mas dela ainda não saiu quem enfrente as secas de todos os tipos.

E, pior, agora nos faltam Rachel, Guimarães, Graciliano, Bernardo, Cabral...

Nelson Albuquerque Jr é jornalista e escritor, integrante da Academia Popular de Letras de São Caetano.<EM>

Palavra do leitor

Pré-sal
Ouvi durante a campanha da presidente Dilma Rousseff, aos gritos descontrolados – e que é paixão do ex-presidente Lula e que acreditam ser mérito de ambos –, sobre o descobrimento do pré-sal. Daí os desavisados esquecem que a Petrobras, criada por Getúlio Vargas, em 1953, dentre sua razão de existir, havia, como há, setor de pesquisas avançadíssimo para que pesquisadores continuassem a procurar por novos campos de extração de petróleo, gás e outras fontes de energia. E como a campanha de Aécio Neves baseava-se em promessas a serem cumpridas, a da presidente Dilma baseava-se em demonstrar aquilo que não poderia ser intitulado como campanha e sim como obrigação de governo já instalado. Seria necessária revisão de conceitos éticos com as campanhas, pois, continuando assim, ainda vão tomar o título de Pedro Álvares Cabral como colonizador do Brasil.
Cecél Garcia
Santo André

Convicção
Ao ler texto sobre declaração do empresário e escritor do best-seller Virando a Própria Mesa, Ricardo Semler, fiquei mais convicto do que escrevi nesta coluna na última missiva que enviei a este Diário (Reeleição, dia 23). Existem sim alguns leitores desta coluna que são parciais e mal informados ao lerem só uma versão dos últimos fatos, com relação à corrupção destampada e desmascarada (em especial contra os corruptores), que acontece hoje no País. Ah, a propósito, o citado empresário é filiado ao PSDB, desde os tempos de Franco Montoro.
Francisco José de Souza Ribeiro
São Caetano

Levy
Nada mudará na economia! Conforme Gilberto Carvalho, ministro-chefe de Secretaria-Geral e porta-voz da Presidência, Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda, irá aderir à filosofia econômica do governo! Se for assim, com certeza também chamará Dilma Rousseff de ‘presidenta’, que deverá continuar dando suas enormes, singelas e competentes contribuições à economia do País! Investidores, corram!
Beatriz Campos
Capital

AES Eletropaulo
Venho por meio deste conceituado Diário expressar minha indignação com o serviço prestado pela AES Eletropaulo. Nos últimos dias vem ocorrendo falta de energia nos bairros Camilópolis, Vila Metalúrgica e adjacências e isso causa transtornos para nós, consumidores, pois nossos aparelhos ficam sujeitos a sofrer danos. Quando ligamos para reclamar da falta de energia, os atendentes têm a coragem de perguntar se em outro cômodo da residência também há falta de energia. Óbvio que estou reclamando da falta de energia no bairro! Vale lembrar a essa empresa que, se há necessidade de manutenção na rede elétrica, que nos comunique com antecedência.
Edson Santos
Santo André

Galo
Parabéns ao Atlético Mineiro pela grande e merecida conquista inédita da Copa do Brasil. Numa campanha irrepreensível, o Galo eliminou Corinthians e Flamengo com goleadas por 4x1, de virada, e ainda venceu os dois jogos da grande final mineira contra o arquirrival Cruzeiro, atual bicampeão brasileiro. Sensacional! De se lamentar apenas a burrice e amadorismo da diretoria do Cruzeiro, que colocou bilhetes centrais a absurdos R$ 1.000, fazendo com que mais de 20 mil lugares ficassem vazios no Mineirão, algo inaceitável.
Renato Khair
Capital

Black Friday
Informação importante às pessoas que acreditam nesses modismos oriundos dos Estados Unidos, imitados pelos lojistas brasileiros com objetivo de aumentarem as vendas e, consequentemente, os lucros. É preciso compreender que a cultura de comércio e lucros dos norte-americanos, assim como na Europa, é diferente da praticada aqui no Brasil. Naqueles países, quando o comerciante tem lucro de 5% na venda de um produto, por exemplo, já considera ter realizado boa venda. No Brasil, seja por ganância ou pelos altos impostos, o lucro colocado gira em torno de 50% a 100%, o que já torna o produto caro. Verifico preços todos os dias e posso dizer que a nossa Black Friday é propaganda enganosa. É só pegar o valor de uma TV de 42 polegadas há duas semanas, por exemplo, e olhar o preço da mesma TV hoje. Observa-se que esse papo de 40% a 70% de desconto é furado! Não acredite em propaganda. Faça a conta de matemática, que é ciência exata, e assim não cairá nessa armadilha. Estamos no País da impunidade e, se caso sentir-se enganado, fale com o Procon, denuncie as propagandas enganosas, que, perante as leis, são consideradas crimes contra a sociedade.
Ivanir de Lima
São Bernardo
 




Comentários

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