"Esse vai continuar sendo um questionamento pelo mercado de tempos em tempos, porque, de fato, a nomeação (do Levy) sugere uma guinada forte na condução da política fiscal, mas a gente sabe que Joaquim Levy defende uma visão de uma economia mais ortodoxa, que a gente sabe que não é a visão da presidente", afirmou em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Outro motivo que faz o mercado "ter o pé atrás", acrescentou, é o efeito que o ajuste fiscal necessário produzirá. "A gente sabe que esse ajuste não vai poder ocorrer em um ano só, tem que ser durante vários anos. Tem que ver como o governo vai se comportar na hora que os efeitos, que inicialmente não vão ser agradáveis, começarem a doer", disse.
De acordo com ele, soma-se a esses fatores o potencial de crise política dos escândalos de corrupção na Petrobras. "Ninguém sabe a dimensão, o dano, nem qual o impacto que isso pode ter na questão fiscal, mas não está fora das possibilidades que as coisas acabem se cruzando em algum momento, e isso poderá dificultar a vida de quem está conduzindo a economia", explicou.
Caramaschi afirmou que, apesar das incertezas, o governo ganha um "respiro" do ponto de vista de expectativa com a nomeação de Joaquim Levy. Ele ponderou, no entanto, que o real impacto para a credibilidade da economia vai depender dos nomes dos outros integrantes da equipe econômica e do pacote de ajuste a ser anunciado.
"Os nomes podem dar um gás de bom humor", afirmou, destacando que rumores de que o atual diretor de Política do Banco Central, Carlos Hamilton, poderá ser indicado para o Tesouro Nacional em substituição a Arno Augustin, têm sido bem aceitos pelo mercado. O economista afirmou que a confirmação da manutenção de Tombini na presidência do BC foi vista com neutralidade. "Ele não é um nome que chega a empolgar, mas é aceito pelo mercado, assim como Barbosa", afirmou, ponderando que, apesar de, a princípio, o mercado ter restrição à visão desenvolvimentista de Barbosa, ele é bem aceito pelo discurso em defesa do ajuste fiscal.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.