Economia Titulo Raio X
Falta ação estratégica nos RHs da região

Pesquisa revela que grupo de empresas possui
gestão de pessoas sem visão de melhores resultados

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
26/11/2014 | 07:27
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Andréa Iseki/DGABC


Pesquisa realizada com 14 companhias da região que empregam 14.565 funcionários revelou que a atuação das áreas de RH (Recursos Humanos) é muito pouco estratégica. Isso significa que não há análise e gestão de pessoas com objetivo de caminhar para melhoria dos indicadores de resultados dos negócios.

O problema é que, pelo lado da gestão de funcionários, não há valorização e nem busca de satisfação para melhoria do desempenho dos trabalhadores. E aqueles que procuram melhorar cada vez mais sua produtividade não têm a devida atenção da empresa. Por outro lado, a falta de postura estratégica do RH só amplia a margem para que os funcionários que estão acomodados se escondam na média dos colaboradores e não mostrem seu real desempenho, explicou o diretor da Faculdade de Administração e Economia da Metodista e professor responsável pelo GEPeCLiC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Carreiras, Liderança e Competências), Luciano Venelli Costa, que apresentou ontem a Pesquisa de Indicadores de Gestão de Pessoas.

Venelli explicou que esta foi a 15ª edição do estudo, porém, a metodologia foi totalmente modificada, tendo em vista que as publicações anteriores eram realizadas por outra instituição de ensino. Portanto, não é possível comparar com anos anteriores. Esta será a base para os próximos resultados e análises de melhorias ou retrações de resultados, observou o acadêmico. Ele acredita que, em 2015, será possível captar informações de até 60 empresas. “Vamos concentrar em companhias daqui para criar indicador da região.”

QUALIFICAÇÃO - Com os resultados da primeira análise da Metodista, que contou com parceria do Gaper (Grupo de Administração de Pesquisa e Estudos de Remuneração), Venelli disse que foi possível constatar que não há interesse das empresas por profissionais que tenham mais qualificação no que diz respeito ao Ensino Superior. “Tendo em vista o universo de mais de 14 mil colaboradores no grupo, havia apenas um doutor e cinco mestres.” Para o especialista, existe falta de atenção das companhias para oportunidades quando o assunto é manter trabalhadores com mais graduações.

“As empresas estão perdendo tempo, já que têm muitas bolsas do governo federal integral para profissional que atue dentro delas”, destacou Venelli. Ou seja, custo zero para a companhia manter este profissional, que, na média, conforme a pesquisa, gera R$ 270 mil de faturamento anual, considerando 11 das 14 firmas do grupo que forneceram os dados sobre suas receitas.

ADEQUAÇÃO - Outro ponto sinalizado pelos resultados da pesquisa é que a gestão de pessoas não estratégica deixa de lado a colocação de profissionais em funções em que eles realmente se adequam, desconsiderando suas habilidades profissionais e também sua satisfação em relação ao ambiente e ao exercício laboral.

“Isso tem a ver com as necessidades da pessoa. Com a distância da casa dela até o trabalho. Com a facilidade de ir almoçar ou levar e buscar os filhos na escola (horários flexíveis). Se ela gosta de conversar durante o trabalho, ou se prefere algo mais introspectivo, dentro de escritório. É necessário reconhecer se fazer esse trabalho também lhe proporciona satisfação. E satisfação tem correlação com desempenho”, explicou Venelli, lembrando estudo acadêmico que reforça essa necessidade para as empresas que buscam melhor produtividade.

Ele citou como exemplo um grupo que cuida da gestão de pessoas e que reconheceu as necessidades dos funcionários. Em uma instituição financeira, os colaboradores mais jovens, estagiários, que faziam atendimento e tiravam dúvidas nos caixas eletrônicos foram substituídos por profissionais aposentados ou idosos. “Os jovens não tinham muita paciência de conversar e explicar. Já os mais velhos fazem isso muito bem, trabalham felizes e ainda geram satisfação para os clientes, que são muito melhor atendidos”, observou Venelli. 




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