O partido de esquerda Meretz (10 deputados num total de 120 da câmara) luta pela paz com os árabes e contra a coerçao religiosa em Israel. Este último objetivo parece ter se convertido em prioritário pois o Meretz, impulsionado pela base, nao parece estar disposto a aceitar compromissos com os ultra-ortodoxos em troca de seu apoio ao processo de paz.

Meretz, frente ao crescimento do integrismo judaico, fez campanha eleitoral defendendo o sistema judicial israelense com o lema "viver livre em nosso país". Os pacifistas do Meretz estao dispostos a integrar um gabinete com a direita nacionalista que, segundo eles, respeita as regras democráticas, mas nao com os rabinos ultra-ortodoxos do partido Shass, acusados de querer impor a lei religiosa no país.

Paradoxalmente, este partido que aparentemente é o mais próximo de Barak aparece como principal obstáculo à formaçao do governo amplo ao qual aspira o premier eleito. "Nao poderemos nos sentar com o Shass enquanto esse partido nao se dissociar por completo de seu chefe político, o rabino Arieh Deri, condenado por corrupçao por um tribunal", afirmou nesta segunda o dirigente do Meretz, deputado Amnon Rubinstein.

"Pode-se esquecer de um dia para outro os ataques que o chefe espiritual do Shass, rabino Ovadia Yossef, formulou contra a Corte Suprema e contra seus juízes?", acrescentou Rubinstein. O rabino Yossef tinha acusado os juízes de "copularem com mulheres impuras" em um sermao, mas pediu a Barak que faça do Shass um "associado maior de seu governo de paz".

Extremista no plano religioso e moderado no conflito israelense-árabe, o poderoso partido Shass que dispoe de 17 deputados, contra 10 na precedente legislatura, quer se converter em um aliado de primeiro plano de Barak. Vários dirigentes trabalhistas, como as "pombas", Shlomo Ben Ami e Yossi Beilin, pediram também a Barak que estenda a mao a Shass, denunciando o "rigor" de seus aliados de esquerda. "A integraçao do Shass é o único meio para o próximo governo de enfrentar os desafios da paz", afirmou Ben Ami.