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Gangues de rua voltam ao Grande ABC
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/08/2008 | 07:24
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A violência ocorrida no final de semana passado nas imediações do Shopping ABC, na Vila Gilda, em Santo André, trouxe para o território do Grande ABC um problema que a região tinha acostumado a exportar para a Capital nos últimos anos: brigas entre gangues de rua.

Adolescentes conhecidos como emos foram postos para correr da calçada em frente ao shopping - a área eleita por eles como o ponto de encontro da tribo. Os que não conseguiram fugir, apanharam. Em três situações diferentes, adolescentes se viram sozinhos, no chão, cercados por estranhos que desferiam chutes. O motivo do ataque teria sido puro preconceito: a imagem dos emos é associada à população homossexual - um dos alvos favoritos de gangues de rua.

O diferencial do episódio de sábado são os autores da investida. Ao invés de punks ou skinheads - grupos sempre associados a esses ataques -, desta vez os acusados foram jovens vestidos com roupas de hip-hop. O curioso é que punks e carecas têm na ponta da língua respostas sobre os motivos da intolerância. São pensamentos político-ideológicos do início do século passado, interpretados de maneira tendenciosa.

Já os autores do ataque da semana passada não. No site de relacionamentos Orkut, a comunidade dos agressores tem uma descrição bem simples: "quem não corre com nois, corre de nois" (sic).

Os participantes do grupo têm perfis parecidos: gostam de rap, skate, pichação de muros e motos. As vestimentas são calças largas e bonés - descrição de qualquer jovem. Em comum com as gangues já conhecidas da polícia, apenas a intolerância contra pessoas diferentes.

"A constituição de grupos é uma busca que os jovens fazem pela identidade deles mesmos. Buscam referências, e a violência é uma forma imediatista de obter aceitação e perpetuação no grupo que os define", diz o professor de psicologia-social da USP (Universidade de São Paulo) Hélio Deliberador.

Essa explicação é válida para entender a atitude dos agressores de emos. Mas poderia encaixar-se com punks, carecas, membro de torcidas organizadas e até amigos em uma balada que costumam envolver-se em brigas.




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