O presidente boliviano, Evo Morales, pediu nesta terça-feira uma trégua à oposição durante a III Cúpula Sul-Americana, que será realizada nesta sexta-feira e sábado, na cidade de Cochabamba.
Morales convocou os setores políticos, sociais e regionais que fazem oposição a seu governo a baixar a pressão e facilitar o diálogo, a menos de três dias da inauguração da Cúpula.
"Quando há diálogo são suspensas as medidas de pressão", disse o presidente, em referência às greves de fome, incluindo as de governadores de quatro regiões bolivianas, que exigem que as leis da nova Constituição sejam aprovadas por dois terços dos votos, e não por maioria absoluta dos 255 constituintes.
Em Cochabamba, onde quatro civis estão em greve de fome, setores sociais, indígenas e camponeses se manifestaram a favor da política de Morales e anunciaram homenagens aos presidentes sul-americanos.
A maior parte dos líderes da região, incluindo os recém-eleitos presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Equador, Rafael Correa, já confirmaram sua presença em Cochabamba.
Os governadores de Santa Cruz, Rubén Costas; de Beni, Ernesto Suárez; de Tarija, Mario Cossío; e de Pando, Leopoldo Fernández, abertamente contrários a Morales, estão em greve de fome contra a aprovação das leis por maioria absoluta na Constituinte.
A imprensa boliviana estima que o governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, também poderá aderir à greve de fome nos próximos dias, em meio a Cúpula Sul-Americana.
Em meio a crise, aumenta a pressão de vários setores para uma suspensão de três meses nos trabalhos da Assembléia Constituinte, ou até que o impasse em torno das votações seja solucionado.
O vice-presidente boliviano, Alvaro García, tentou hoje aplacar a pressão dos governadores de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija propondo um pacto para homologar o regime de autonomia das províncias, aprovado no referendo de julho passado.
Alvaro García Linera disse que Evo Morales está disposto a aceitar um pacto com os "setores cidadãos" que realizam pressões, incluindo os quatro governadores.
"A autonomia é um sentimento regional popular, e isto é indiscutível. O presidente (Evo Morales) está convocando um pacto sobre o tema das autonomias", destacou Alvaro García.