Política Titulo Eleições
Em disputa acirrada,
Brasil reelege Dilma

Presidente conquista 51,64% dos votos,
percentual mais apertado desde a redemocratização

Fábio Martins
Gustavo Pinchiaro
27/10/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Estadão Conteúdo


Na eleição mais acirrada da história após a redemocratização do País, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita com 51,64% contra 48,36% do senador Aécio Neves (PSDB), levando o petismo para 16 anos no comando do cargo máximo do Brasil. O resultado apertado ultrapassou marca da disputa presidencial de 1989. Foram apenas 3,5 milhões de diferença entre os adversários num universo de 142,8 milhões de eleitores. A petista venceu a concorrência ao alcançar 54,5 milhões de votos, enquanto o tucano obteve 51 milhões de sufrágios.

Com o saldo, Dilma mantém a escrita de conquistar a reeleição, seguindo a linha traçada pelos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-2010). A presidente ampliou a votação em 11,2 milhões de votos se comparado ao primeiro turno, quando angariou 43,2 milhões de sufrágios. O páreo se afunilou pelo aumento registrado pelo senador, que teve acréscimo superior ao da petista, atingindo 16,1 milhões a mais em três semanas de etapa final.

Dois resultados foram, especialmente, significativos neste pleito. A derrota de Aécio em Minas Gerais, onde o tucano governou por oito anos consecutivos e Dilma obteve 52,41% ante 47,59% do senador. O Estado é chefiado por tucano e sofreu virada para petista no primeiro turno. Outro ponto foi o revés da presidente no Rio Grande do Sul, onde ela é radicada e ocupou cargos de destaque. Ela perdeu por 46,47% a 53,53% do rival. Em São Paulo, a diferença foi de 6,8 milhões de votos a favor do tucano.

Após ser declarada reeleita, Dilma descartou divisão nacional e pregou diálogo com todas as forças políticas. “Não acredito, sinceramente, que essa eleição tenha dividido o País. Entendo que ela mobilizará e deu emoções contraditórias. Em vez de criar divergências, tenho esperança. É possível encontrar pontos em comum e construir primeira base de entendimento para fazer o Brasil avançar. Algumas vezes resultados apertados criaram mudanças mais rápidas do que vitória mais larga. Esta presidente está disposta ao diálogo e esse é o meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo.”

O cenário nacional, apesar do tom usado no pronunciamento, não é favorável à petista. O PT e PSDB elegeram cinco governadores cada. O PMDB governará sete Estados, o PSB três, PSD dois e PP, PCdoB, PDT e Pros têm um Estado, cada. Na Câmara Federal, por exemplo, são 70 petistas, tendo perdido 18 nomes. PMDB fez 66 cadeiras – antes tinha 72 – e os tucanos eram 44 parlamentares e agora ficarão em 54. PSB arrebatou 34 cadeiras.

A presidente colocou a reforma política como prioridade para o próximo mandato com o mesmo modelo que já estava em discussão: defendida por plebiscito popular. “Quero discutir isso com o novo Congresso e a população. Quando cito a reforma política, não quer dizer que eu não saiba da importância das demais reformas, que temos também a obrigação de desenvolver.”

Durante a campanha, Dilma sinalizou “novas ideias para o novo governo”. A mudança na política econômica foi o principal alvo de críticas técnicas aos últimos quatro anos de gestão. A petista indicou que revisará a condução do plano ao demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no meio do processo eleitoral.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;