Economia Titulo Seu bolso
Dinheiro para amigo não volta

Especialista em finanças pessoais orienta a não emprestar para parentes, mas, se for inevitável, o importante é não esperar o retorno do valor

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
25/10/2014 | 07:30
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O aposentado de Santo André Idalino Martins Ferreira, 67 anos, não teve outra opção ao compreender o período de dificuldade que seu parente desempregado passava. Emprestou R$ 4.000 sem pensar duas vezes.

Ferreira está em grupo de pessoas que, com muita delicadeza, tenta cobrar amigos e parentes para ter valores de volta – grupo esse que cresce cada vez mais. Conforme recorte exclusivo do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), de fevereiro de 2013 até o mesmo período de 2014, o percentual de famílias do Grande ABC com dívidas com amigos e parentes subiu de 1,7% para 2,7%. Apenas para ilustrar a representatividade do aumento, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estimou que, no ano passado, a região tinha 2.684.066 moradores, última previsão oficial.

A verdade, destacou o consultor financeiro e professor do Instituto Educacional BM&FBovespa André Massaro, é que “não existe empréstimo para amigo ou parente”. “Dinheiro para amigo e parente você dá, e não empresta. E se, por um acaso, considerar como empréstimo e cobrar, por exemplo, a amizade pode até acabar.”

Massaro explicou que é muito difícil que uma relação social que tenha dinheiro envolvido continue normal. Isso só seria possível em uma relação comercial, que é feita contratualmente, com a previsão de juros e multas caso quem tenha dívida não pague ou atrase. “Por isso, nunca empreste”, orientou o especialista em finanças.

Mas, se for impossível negar o dinheiro, a recomendação de Massaro é não esperá-lo de volta. Desta maneira, só faça caso tenha certeza de que aquele montante não será necessário no futuro. “A pessoa que está toda endividada utiliza o parente ou o amigo como último recurso. Quando entra nesta situação e consegue um dinheiro para pagar dívidas, ela vai liquidar as pendências daqueles que mais cobram, e que gerariam problemas se ele não pagasse. Assim, os parentes e amigos serão sempre os últimos a receber.”

Ferreira, infelizmente, sentiu na pele esta situação. Ele não tinha os R$ 4.000. Teve de contratar crédito consignado para socorrer seu parente, a serem pagos em 48 parcelas de R$ 430. Ele conta que procurou a instituição financeira com a menor taxa de juros na época, mas ainda faltam 24 prestações do empréstimo e seu parente ainda está desempregado, porém fazendo bicos, portanto, ele está pagando sozinho a dívida. “A gente está lutando para quitar”, desabafou o aposentado.
 




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