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Feiras noturnas ganham mais espaço
André Vieira
Especial para o Diário
03/08/2008 | 07:28
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Hábito comum em qualquer cidade do País, fazer a tradicional feira há tempos deixou de ser uma atividade exclusivamente diurna. No Grande ABC, nove feiras-livres funcionam durante a noite. Em comum a todas elas, a motivação para o seu surgimento: atender uma parcela crescente da população que não tem mais tempo para fazer compras durante o horário comercial.

O serviço está disponível em quatro cidades. Santo André organiza quatro, Mauá e Ribeirão Pires, duas cada, e São Caetano, uma. O clima é praticamente o mesmo da feira diurna, só é um pouco menos barulhenta e movimentada. Durante a noite, assim como pela manhã, também gritam bem-humorados os feirantes de um lado e experimentam frutas e negociam descontos os clientes do outro.

Primeira - Pioneira no Grande ABC, a feira do Centro de Ribeirão, com 22 barracas e oito anos de funcionamento, é ainda hoje uma das mais conhecidas. A idéia surgiu da reclamação de muitas pessoas que diziam não ter acesso às feiras durante o dia e ainda se queixavam de ter de sacrificar manhãs de sábado e domingo fazendo compras.

O destaque fica por conta da praça de alimentação, que oferece a indispensável dupla pastel e caldo de cana e receitas orientais, como o tempurá e o yakissoba.

O sucesso da iniciativa despertou o interesse de outras cidades. Mauá oficializou duas feiras-livres noturnas em março. "Elas são menores do que as feiras diurnas. Um pouco atípicas, com menos feirantes e somente com as barracas principais", explicou o coordenador de Segurança Alimentar de Mauá, Moisés Vicente Pereira.

Em Santo André, além de servir para quem não pode freqüentar feiras durante o dia, o serviço também funciona como uma opção ao comércio tradicional. "Na periferia não há supermercados muitos próximos e a feira se torna uma alternativa", disse o supervisor de Abastecimento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) Hélio Thomaz Rocha.

Na cidade, o trabalho de viabilização é compartilhado com a população. No Jardim Santo André, primeiro bairro a receber feiras-livres noturnas, em 2003, o projeto começou com os moradores. A Prefeitura só entrou depois, para regularizar o trabalho. "Ninguém gosta de ter uma feira em frente sua casa. Por isso, preferimos que as demandas venham das associações dos moradores, que auxiliam nosso trabalho, discutindo antes com a comunidade", contou Rocha.

São Caetano também criou sua feira após pedido da população e dos feirantes. "Apesar de termos varejões e supermercados, existe um público fiel às feiras, principalmente pela qualidade e preço dos produtos e pela amizade que cultivam com os comerciantes", disse o diretor de Planejamento Anacleto Campanella Júnior.

Para o sociólogo e economista Cassiano Ricardo Martines Bovo, da Universidade Metodista de São Paulo, o desenvolvimento das feiras-livres noturnas reflete a mudança no perfil da sociedade. "Hoje, as famílias têm pessoas com atividades diferenciadas e em horários restritos. Também aumentou o número de famílias chefiadas por mulheres, que ficam ocupadas durante o dia."

Em São Bernardo, Diadema e Rio Grande da Serra não há oficialmente nenhuma feira-livre noturna, nem estudo para viabilizar o serviço. (Supervisão de Daniel Trielli)




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