Moradores do Condomino Village Campestre, em São Bernardo, descobriram que não são mais donos do apartamento. Milton Ritano Francisco, que mora há 14 meses no local, recebeu há uma semana um visita indesejada: a do atual proprietário.

Ele e outras duas moradoras, Valéria de Stefano Silva e Débora Corsi de Souza, são considerados inadimplentes pela Caixa Econômica Federal, mas não sabiam.

Oficialmente, o imóvel de Francisco foi tomado em 21 de julho do ano passado e vendido em 12 de junho deste ano. Os outros apartamentos também estão em processo de aquisição judicial pela Caixa.

O imbróglio começou depois que a advogada Cristiane Leandro de Novais ofereceu seus serviços para entrar com uma ação de revisão de prestação e saldo devedor de financiamento com a Caixa Econômica Federal. Desde então, os clientes passaram a fazer o pagamento em juízo, em parcelas 40% menores.

Só que a ação foi julgada improcedente em 31 de maio de 2007 e, por isso, a instituição financeira não reconhece o pagamento desde então. Segundo a Caixa, várias notificações foram mandadas para os moradores, mas ninguém procurou o banco para negociar. Os moradores negam que tenham recebido as notificações sobre a improcedencia do processo.

A advogada afirma que a notificação teria ido para os imóveis irregulares e que alguns clientes poderiam participar de audiências de conciliação com a Caixa, mas que a maioria não o fez.

No entanto, Valéria de Stefano Silva diz que não consegue mais entrar em contato com Cristiane. Valéria diz que teme perder o apartamento, já que ainda é considerada inadimplente. "Ela falou que abriu outro processo e que estava tudo bem, mas agora não conseguimos falar com a advogada."

O presidente da comissão de direito imobiliário e urbanistico da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), Marcelo Manhaes de Almeida,afirma que é preciso acompanhar todo o processo sobre imóveis para não ser surpreendido. "O advogado tem que achar onde aconteceu o desencontro e confirmar que não houve má-fé."