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Neuroblastoma é câncer raro e grave que só afeta crianças

Incidência da doença ocorre até os 6 anos e corresponde a 7% dos tumores infantis; a pequena Duda luta contra o problema desde 2012

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/10/2014 | 07:05
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Nario Barbosa/DGABC


O neuroblastoma é um tipo de câncer que atinge bebês e crianças com até 6 anos. O tumor aparece nos gânglios do sistema nervoso simpático, localizados entre o pescoço e a bacia e nas glândulas suprarrenais.

De acordo com o oncologista responsável pelo Ambulatório de Oncopediatria da Faculdade de Medicina do ABC, Jairo Cartum, a doença ainda é um desafio. “Não se sabe a causa desse câncer infantil. No adulto, por exemplo, o cigarro pode desencadear o câncer de pulmão. Na criança, entretanto, não se conhece fatores ambientais que possam desencadear a doença, tanto que até recém-nascidos podem ter.”

Cartum afirmou que entre as crianças, esse tipo de câncer não é comum. “Cerca de 6% a 7% dos tumores infantis são neuroblastoma. O mais comum é a leucemia.”

Maria Eduarda de Andrade, 4 anos, moradora do bairro Fazenda da Juta, na divisa entre a Capital e Santo André, luta contra a doença há dois anos. Segundo a mãe, Aline Miranda de Andrade, 28, no começo o diagnóstico foi difícil. “Ela tinha acabado de completar 2 anos quando começou a sentir muitas dores nas pernas. Passamos de hospital em hospital até um médico descobrir o que ela tinha. Chegou uma hora que a Duda parou de andar de tanta dor. E me diziam que era por causa do crescimento.”

A família descobriu a doença dois meses depois, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. “No primeiro raio X apareceu uma bolinha no fêmur esquerdo. Ela fez uma biópsia que constou estiomelite aguda com neuroblastoma. Precisaram da tomografia para descobrir a localização, porque no fêmur já era uma metástase.”

Após a descoberta da origem do problema, no abdômen, foram iniciadas as sessões de quimioterapia. Nesse meio-tempo, ela precisou fazer cirurgia para a retirada do tumor, seguida por mais dois ciclos do tratamento. Após a descoberta de mais tumores no rim esquerdo, Duda precisou retirar o órgão em uma cirurgia que durou oito horas.

Atualmente a menina ainda tem um tumor no lado direito da coluna, envolvendo a aorta, que não pode ser retirado por estar em local delicado. Ela também precisa de um autotransplante de medula. Médicos orientaram a mãe a somente esperar. “Mas eu não desisti. Mãe é mãe, sabe? Fui procurar na internet todos as formas possíveis de tratamento. Fui atrás do médico que operou o (ator) Reynaldo Gianecchini, que me indicou o doutor Vicente Odone, que atende no Instituto de Tratamento de Câncer Infantil. Ele me disse que a doença dela é muito grave, sim, mas que iríamos tentar e era isso que eu precisava ouvir.”

Hoje todo o tratamento está sendo custeado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Atualmente Duda está fazendo mais quatro ciclos de quimioterapia para que o tumor regrida. O próximo passo é realizar o autotransplante e, em seguida, radioterapia.

De acordo com Cartum, o tratamento depende de cada caso. “É muito variado. Há crianças que conseguem a cura apenas com uma cirurgia. Porém, se ele se alastra,são necessários quimioterapia e transplante de medula.”

Como toda mãe, Aline não se abate. “Tenho força, fé e determinação. Espero que as mães que estejam na mesma situação não desistam. A luta é grande, mas compensa quando vejo o sorriso da Duda.”




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