Política Titulo Desde 1991
Serra quebra hegemonia de duas décadas de Suplicy no Senado

Ex-governador de São Paulo impõe derrota histórica
ao petista, ele promete cumprir mandato integralmente

Júnior Carvalho
Especial para o Diário
06/10/2014 | 07:21
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Montagem/DGABC


O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) quebrou ontem a hegemonia de duas décadas do senador Eduardo Suplicy (PT) no Senado. O tucano triunfou a concorrência com 58,49% dos votos válidos (11.105.874), ante 32,53% do petista (6.176.499 sufrágios). No Congresso Nacional desde 1991, Suplicy buscava seu quarto mandato consecutivo. O ex-prefeito da Capital Gilberto Kassab (PSD) foi lembrado por 5,94% dos eleitores (1.128.582 adesões), índice abaixo do que as pesquisas eleitorais indicavam.

Serra volta ao Senado após quase o mesmo período em que Suplicy se mantém na cadeira: 20 anos. “Quero agradecer a todos pela vitória e a parceria com Geraldo Alckmin. A partir de agora temos duas tarefas: a primeira de eleger o Aécio (Neves, PSDB) e a segunda será reconstruir o Brasil”, discursou Serra, no diretório estadual do PSDB, em Moema, na Zona Sul da Capital.

Suplicy passou maior parte o domingo ao lado do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha (PT). Pela manhã, o petista acompanhou o correligionário na votação, na região central. Antes disso, tomou café com lideranças do PT em São Paulo, também em agenda de Padilha. Mesmo com as urnas recém-abertas, o senador, 73 anos, já aparentava semblante cansado e nitidamente abalado.

À noite, onde petistas de São Paulo acompanhavam a apuração dos votos em sofisticado hotel no bairro Jardim Paulista, na Zona Sul da Capital, Suplicy não apareceu. Foi representado por sua equipe de assessoria.

Embora últimas pesquisas divulgadas antes do pleito já previam vitória de Serra, petistas paulistas pareciam não acreditar na larga vantagem do ex-governador sobre Suplicy: quase 5 milhões de votos. O clima de tristeza que já predominava por conta da derrota de Padilha ficou ainda mais acentuado com o sofrido revés de Suplicy.

Presidente estadual do PT, Emidio de Souza evitou falar sobre possíveis erros na campanha e negou que o PT tenha deixado o senador de lado para concentrar a campanha em prol de Dilma. “Não teve erros. A gente não questiona a decisão do eleitor. Se os paulistas decidiram trocar o Suplicy pelo Serra, nós vamos respeitar. Acho uma perda trocar um senador com um perfil, uma reputação e conduta ética como a do Suplicy por alguém que não gosta de cumprir mandatos. Não é uma boa escolha”, alfinetou Emidio.

PELA METADE
Serra retornará ao Senado acumulando histórico extenso de não cumprir mandatos até o fim.
Eleito senador em 1994, o tucano abdicou do cargo para ser ministro do Planejamento no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 2002, renunciou ao posto para se candidatar à Presidência da República – foi derrotado pelo hoje ex-presidente Lula. Dois anos depois, derrotou a então prefeita da Capital Marta Suplicy (PT), que buscava a reeleição. Antes da metade do governo municipal quebrou promessa de campanha e novamente abandonou o cargo, desta vez para disputar o governo de São Paulo – venceu Aloizio Mercadante (PT).

No posto de chefe do Palácio dos Bandeirantes, Serra renunciou ao cargo de novo, para enfrentar Dilma na sucessão de Lula, em 2010. Foi derrotado no segundo turno. Sua última empreitada nas urnas foi brigar pelo Paço paulistano, em 2012, quando foi ao segundo turno com o hoje prefeito Fernando Haddad (PT) – novamente derrotado.

Apesar do currículo, Serra garantiu que seguirá no Senado até 2022, quando encerra a próxima legislatura (senadores têm mandatos de oito anos). Antes de garantir seu nome na disputa pelo Senado, Serra chegou a pleitear internamente no PSDB a vaga de candidato a presidente, abocanhada por Aécio.

A quarta colocação ficou com Marlene Campos Machado (PTB), que recebeu 330.302 votos (1,74% dos sufrágios válidos), seguida por Fernando Lucas (PRP) 118.758 (0,63%), Ana Luiza (PSTU), que teve 101.131 votos (0,53%). Senador Flaquer (PRTB) e Edmilson Costa (PCB) tiveram 14.833 (0,08%) e 12.102 votos (0,06%), respectivamente.

Tucano triunfa em cinco das sete cidades do Grande ABC

A vitória de José Serra (PSDB), que quebrou a hegemonia de 24 anos de Eduardo Suplicy (PT) no Senado, obteve expressivo auxílio da população do Grande ABC.

A região, que reúne pouco mais de 2 milhões de eleitores, determinou a consagração do tucano em cinco das sete cidades.

Serra levou a melhor sobre Suplicy, inclusive em municípios comandados pelo PT. Em Santo André, que é chefiada pelo petista Carlos Grana, a vitória foi de 49,45% a 43,42%.

Em Mauá, administrada por Donisete Braga, o tucano obteve 47,06% dos votos válidos contra 45,04% do petista. Em berços comandados pelo PMDB, que apoia o PT em nível federal, Serra foi soberano.

Em São Caetano, administrada por Paulo Pinheiro, a vitória foi a mais expressiva (64,42% a 28,20%). Já em Ribeirão Pires, do prefeito Saulo Benevides, o placar foi de 53,77% a 37,62%. Em berço tucano, mas cujo o prefeito Gabriel Maranhão declarou apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), Serra pontuou em 52,60% contra 39,93%.

As derrotas do tucano ocorreram em São Bernardo e Diadema. No entanto, na cidade que é gerida pelo petista Luiz Marinho, a vitória registrou o placar mais apertado (46,96% a 46,46%).
A expressiva vitória do PT só ocorreu em território diademense, berço da sigla por décadas, mas que hoje é comandada pelo PV, do prefeito Lauro Michels.

O placar final mostrou 54,82% para Suplicy contra 39,95% a Serra.

Durante os pouco mais de três meses de campanha eleitoral, ambos os candidatos realizaram inúmeras atividades por toda a região e enfatizaram discursos em propostas específicas. 




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