Política Titulo Eleições
Aécio surpreende e diminui
diferença para Dilma

Tucano obteve 34,8 milhões de
votos contra 43,2 milhões da petista

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
06/10/2014 | 07:14
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Montagem/DGABC


A candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) surpreendeu na reta final da campanha ao Palácio do Planalto, carimbou ontem passaporte para o segundo turno e viu diminuir significamente a diferença para a presidente Dilma Rousseff (PT), postulante à reeleição, se comparado aos diagnósticos apontados nas pesquisas de intenções de voto. O tucano alcançou 34,8 milhões de votos (33,5%) contra 43,2 milhões (41,5%) obtidos pela petista, deixando a disputa equilibrada para a etapa derradeira do processo.

O desempenho da presidente foi o pior percentual registrado no primeiro turno em vitórias do PT. Em 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva registrou 46,4% dos sufrágios. Em seu projeto de reeleição, de 2006, mesmo com as denúncias do escândalo do Mensalão sobre o governo, o ex-sindicalista teve 46,6% dos votos. Debutante em eleição, no ano de 2010, Dilma, então ministra da Casa Civil da gestão de Lula, concentrou 46,9% do eleitorado. Todos os êxitos foram em cima de tucanos.

Em pronunciamento com fortes críticas ao PSDB, Dilma atacou os “fantasmas do passado” e disse que o tucanato, quando no comando do País, virou as costas para o povo, promovendo arrocho, recessão e desemprego e quebrando o Brasil três vezes. A petista acenou para o mercado financeiro, com promessas de mudanças na economia em eventual segundo mandato e de controle maior da inflação, mirando o adversário Aécio Neves, seu rival direto nas urnas até dia 26.

“O povo dirá que não quer os fantasmas do passado, como recessão, arrocho, desemprego. Teremos disputa com o PSDB, que governou para um terço da população, abandonando quem precisa”, afirmou a presidente, dando o tom do que será a narrativa petista no segundo turno. “Não queremos de volta os que trouxeram o racionamento de energia, que tentaram incluir no processo de privatização a Petrobras, as empresas do setor elétrico, como Furnas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica.”

O ex-governador de Minas Gerais sustentou que o sentimento de mudança em todo o Brasil foi situação surpreendente em todos os Estados. Aécio declarou que aceitará o apoio de “todos os que tiverem contribuições a dar” e que tem enorme respeito por Marina Silva (PSB), terceira colocada no páreo. “Quem venceu as eleições do primeiro turno foi o povo brasileiro, sentimento de mudança que hoje se alastra por todo o País. Aqueles que estão no governo agora perderam. Perderam no primeiro turno, porque estão tendo resultado muito abaixo do esperado.”

ESTRATÉGIA
A cúpula do PT em São Paulo já prepara a estratégia de Dilma para o maior colégio eleitoral do Brasil no segundo turno. O PT deve repetir a tática adotada na reta final de centrar o foco da campanha na região Sudeste, onde se concentra a maioria dos votos.

“Nós vamos precisar muito do eleitorado da Marina e vamos também trabalhar forte em São Paulo para reverter o quadro”, disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, numa referência à votação de Aécio no maior colégio eleitoral do País. “Nós esperávamos diferença maior no primeiro turno (em favor de Dilma).”

Em contrapartida, aliados de Aécio começam a esboçar lista de integrantes do PSB e do grupo político de Marina a serem procurados para construir as pontes de apoio. Os tucanos apostam que os ataques da campanha petista e o discurso mudancista de Marina vão levá-la a apoiar Aécio.

O diretório paulista do PSB é um dos caminhos para atrair o partido de Marina. O presidente Márcio França foi eleito vice-governador ao lado de Geraldo Alckmin. Fora isso, o PPS, que apoiou a ex-ministra, é presidido por Roberto Freire, aliado tradicional do PSDB. (Com Agências) 

Diferentemente de 2010, Marina terá lado na reta final

Depois de tomar ciência do resultado da eleição, ontem à noite, a ex-senadora Marina Silva (PSB) indicou que, diferentemente do pleito de 2010, quando permaneceu isenta no segundo turno, adotará lado na fase final da disputa presidencial. A socialista fez a sinalização ao relembrar o posicionamento que tirou na oportunidade da rejeição da Rede Sustentabilidade, em 2013, na Justiça Eleitoral. “Minha postura quando não foi deferido o registro da Rede ao não me recolher (em casa e ficar fora do processo) foi tendência.”

As declarações de Marina mostram proximidade de apoio ao senador Aécio Neves (PSDB). Durante a coletiva de imprensa na Lapa, a ex-senadora demonstrou ressentimento político com a onda de ataques sofrida pela campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). “A candidata oficial (petista) apontou que ela mais temia nos enfrentar. Todas as baterias foram voltadas para nós. Apesar de tudo que foi feito para desconstituir a nossa imagem estamos em pé.”

Deputada federal reeleita, a coordenadora da campanha socialista, Luiza Erundina, antecipou que a legenda vai se reunir até quarta-feira para anunciar a postura. “Tentaremos ver (com o arco de alianças) se é possível convergir (sobre o candidato)”, sustentou, ao completar que a definição ficará baseada sobre o nome que acolher o programa de governo do PSB. O evento estava lotado de militantes e aliados, em clima de frustração.

Marina alegou que encara o saldo obtido “como crescimento” eleitoral. “Perdi ganhando. Não abri mão de meus princípios para ganhar a eleição.” A socialista teve 22,1 milhões de votos (21% do total), enquanto há quatro anos amealhou 19,6 milhões (20%). “Acharam que (nossa candidatura) fosse espasmo e que iria encolher, assim como Anthony Garotinho (PR) e Ciro Gomes (Pros).”

A ex-senadora ascendeu no páreo com a morte de Eduardo Campos (PSB), mas entrou em declínio na reta final. Aliados atribuíram o revés eleitoral ao “processo de desconstrução” e ao uso da máquina pelos rivais. “O PT tinha 11 minutos e o PSDB cinco para nos atacar (na propaganda). Enquanto nós tínhamos apenas dois para tentar nos defender.”




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