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Copa do Mundo impulsiona
reformas do Bruno Daniel

Prefeitura repõe Santo André no páreo para ser subsede
e anuncia intervenções no estádio a partir de 10 de maio

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
28/04/2013 | 07:12
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Santo André está de volta na briga para ser subsede da Copa do Mundo de 2014. Ou quase. Pelo menos o passo inicial foi dado. A Prefeitura inscreveu a cidade para integrar o Catálogo de Seleções da Fifa e, caso seja aprovada, se junta às vizinhas São Bernardo e São Caetano como postulantes a receber treinos e hospedagem de uma seleção.

O Hotel Blue Tree Towers Santo André e o Estádio Bruno Daniel foram os escolhidos e devidamente cadastrados na Fifa como locais oficiais do município, para alegria de quem há alguns meses dava como certa a ausência na disputa por subsede.

"Estávamos completamente fora do processo e recolocamos Santo André de volta na rota da Copa, com a possibilidade de se tornar um CTS, Centro de Treinamento de Seleções. Os projetos serão analisados até 31 de maio. A gente tinha até essa data para se inscrever, mas a pedido do prefeito Carlos Grana (PT) adiantamos o envio. Acredito que em junho saiam as novas escolhas", anunciou o secretário de Obras de Santo André, Paulinho Serra.

Simultaneamente, a Prefeitura solicitou à Agência de Desenvolvimento Paulista, a Desenvolve SP, a obtenção de crédito de R$ 13.073.515,00 no âmbito do Programa Linha de Investimento Esportivo para a reforma do Estádio Bruno Daniel, sob justificativa de melhorias na infra estrutura caso seja uma das escolhidas a receber delegações, torcedores, imprensa e outros. Caso a cidade integre o Catálogo de Seleções da Fifa, existe baixa nos juros deste crédito: passariam de 8% ao ano a 2% com pagamento em 72 meses.

No projeto apresentado exclusivamente ao Diário, o Brunão terá dois novos lances de arquibancada com cobertura e capacidade para quase 13 mil espectadores, elevação de vestiários e sala de imprensa, além da revitalização da bancada, cabines e camarotes já existentes. O lado externo também receberia todo um tratamento. Ou seja, cara totalmente nova,

Este montante de R$ 13 milhões, somado à quantia de R$ 3 milhões que a Administração Pública já havia conseguido com o Tesouro (totalizando mais de R$ 16 milhões), transformaria o estádio em mini-Arena. Porém, caso o dinheiro não seja liberado, só a parte inicial do projeto - reconstrução de 5.000 lugares de arquibancada - sai do papel em maio - o sistema de iluminação não faz parte da fase inicial. Aliás, Paulinho Serra confirmou que a partir do dia 10, máquinas e funcionários dão início à primeira fase da obra, prevista para estar pronta entre seis e oito meses.

"Com o total deste dinheiro conseguimos fazer o projeto de transformar o Brunão em uma ‘areninha'. Com nosso dinheiro próprio iniciamos a primeira parte das arquibancadas, mas a quantia que solicitamos dá uma turbinada no processo, aí a gente consegue chegar ao ideal", destacou o secretário, que fez adendo: o projeto completo contempla não só estádio e torcedores, mas também moradores vizinhos ao Brunão.

"Nós, sozinhos, só conseguimos fazer a primeira parte. A Copa nos permite realizar o restante. E também teria a questão da drenagem do bairro. Oficialmente utilizaríamos as partes subterrâneas do estádio como mini-piscinão", explicou Serra, visando solução às frequentes enchentes que assolam a Vila América. "A Copa acaba sendo catalisador. Ela pode acelerar o processo", emendou. "Se tudo der certo, Santo André passa a ter palco não apenas ao futebol, mas casa para shows e eventos. Tudo vai de encontro com a revitalização do corredor Guarará, que foi contemplado pelo PAC Mobilidade. Então, é processo de revitalização completo daquela região. De qualquer jeito, iniciamos a obra no dia 10", concluiu o secretário.

Praça esportiva andreense tem diferencial para ser escolhida

Santo André tem tudo para integrar o Catálogo de Seleções caso consiga cumprir as promessas de reconstrução da praça esportiva. E na visão do secretário de Obras do município, Paulinho Serra, logisticamente a cidade tem vantagem sobre outras concorrentes a serem escolhidas pelas delegações que vêm ao Brasil em 2014. Além disso, conta com o apoio e ajuda do secretário estadual do Esporte e ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior

"O Bruno Daniel é o estádio mais próximo ao Itaquerão. Com a nova Jacú-Pêssego e a continuação do Rodoanel, este ficou muito perto de Santo André. Em 30, 40 minutos se consegue ir de um a outro, porque o Brunão está bem próximo da divisa com Mauá. Tudo isso favorece essa tentativa do governo de credenciar nossa cidade de maneira definitiva."

O secretário ainda citou que o município tem alguns diferenciais em comparação a São Bernardo e São Caetano. "Até por ser o centro geográfico da região, infelizmente, levamos a desvantagem porque o estádio ficou abandonado por mais de um ano, se não o processo poderia estar mais adiantado, mas vamos correr atrás do tempo perdido. A rede de hotel já temos. Na gastronomia Santo André possui maior capacidade. Mas não é uma concorrência. A gente espera que todas as cidades do Grande ABC possam ser contempladas, mas queremos fazer nossa lição de casa."

Local tem histórico de promessas e abandono

O histórico de anúncio de reformas do Estádio Bruno Daniel não é muito positivo. Desde 2009, em administrações anteriores, ao menos semestralmente são apresentadas propostas de revitalização, reconstrução ou readequação da praça esportiva, mas o projeto completo nunca sai do papel.

Até mesmo quando houve verba liberada - ou prometida -, nada aconteceu. Em 2009, R$ 1,2 milhão seria investido. No ano seguinte, o montante foi a R$ 5 milhões. No fim das contas, o que aconteceu de fato foi a demolição da marquise, a consequente retirada das torres de iluminação, a redução na capacidade do estádio para os atuais 7.000 lugares e limitação para jogos só durante o dia.

Intervenção inicial é necessária para Ramalhão não ficar sem casa

A fase inicial das obras do Bruno Daniel, prevista para iniciar no dia 10, tem certa urgência. A construção de 5.000 lugares no setor onde antes existia a arquibancada coberta é necessária para atender - parcialmente - às exigências da Federação Paulista de Futebol, que determina: os estádios da Série A-2 estadual precisam ter capacidade para 15 mil pessoas. Com essa intervenção, passaria a ter perto de 12 mil.

"Essa primeira parte de arquibancada vai ser iniciada no dia 10 para já começar a atender exigência da federação. A obra precisa começar porque, caso contrário, no ano que vem não tem Série A-2 no Brunão. A autorização da federação era provisória. Precisamos pelo menos demonstrar tanto para a Comissão Paulista da Copa quanto para a FPF que tem pré-disposição da Prefeitura em readequar o estádio", destacou o secretário de Obras Paulinho Serra. "Daqui a pouco deixa de ter as beneficies das federações (CBF e FPF) e tem que jogar em outro lugar", emendou o político.

Segundo ele, o valor total gasto para essa fase inicial é superior ao necessário para construir a arquibancada porque a Administração já visa a segunda fase das obras. "O custo de uma arquibancada é de R$ 1 milhão e pouco. Por que vamos gastar um pouco a mais? Porque deixaremos preparado para a segunda parte, fazendo a base e as colunas para a estrutura que virá em cima", concluiu o secretário.

 




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