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Francisco Milani reluta em fazer novela
Flávia Swerts
Da TV Press
23/09/2004 | 14:20
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Aos 68 anos, o ator Francisco Milani esbanja disposição para o batente. Além de interpretar o tio Juvenal em A Grande Família, ele está filmando dois longas - O Coronel e o Lobisomem, de Maurício Farias, e O Mistério de Irma Vap, de Carla Camurati - e deve fazer uma narração para o filme Eliana em O Segredo dos Golfinhos, que estréia em janeiro. Mas, quando o assunto é novela, um trabalho mais longo e desgastante, Milani prefere não abusar. Ele foi convidado para fazer América, que vai substituir Senhora do Destino, mas, como o personagem grava muitas externas e as gravações vão se estender por todo o tórrido verão carioca, o ator ainda está avaliando a proposta. “Não sei se vou ter saúde para isso”, diz o ator, que, se aceitar o convite, viverá um policial militar aposentado, que tenta impor a disciplina em um quartel e só se comunica com jargão policial.

Enquanto pensa no assunto, Milani está se divertindo com as confusões do tio Juvenal, mais conhecido como o tio Mala. Mas agora o personagem está deixando as tradicionais rabugices de lado e se mostrando mais solícito e afável. Tudo por causa de uma paixão por dona Etelvina, mãe de Beiçola, vivido por Marcos Oliveira, que, na verdade, é o próprio disfarçado. Mas, segundo o ator, essa simpatia não vai durar muito. “A família falará que a Etelvina não quer nada com ele”, diz Milani, que, se for para América, fica no seriado só até outubro, quando começam as gravações da novela.

Pergunta: O que você acha de fazer humor com um tipo que está sempre de mal com a vida?
Francisco Milani: Eu já tenho experiência com personagens mal-humorados por causa do Pedro Pedreira, da Escolinha, e do Saraiva, do Zorra Total, que era um poço de ódio. Particularmente, acho o mau humor muito engraçado. Quando você vê uma pessoa mal-humorada na rua, acaba rindo, pois ela tem um comportamento fora do normal, que chama a atenção e é muito divertido. Fazer um papel desses é um filão para qualquer ator.

Pergunta: Como está sendo participar de A Grande Família?
Milani: Eu já tinha uma certa intimidade com A Grande Família porque fui muito amigo do Vianinha na juventude. Quando ele começou a escrever, insistiu muito para que eu atuasse no programa, mas, na época, por uma série de razões, eu não queria fazer TV. Agora, quando recebi o convite, fiquei perplexo. Apesar de não acreditar em bruxas, acabei achando que havia uma interferência do Vianinha do além para que eu fizesse o seriado. É maravilhoso estar em um programa tão sintonizado com os hábitos culturais dos brasileiros.

Pergunta: Apesar dessa familiaridade com o programa, como foi integrar um grupo de atores que já grava junto há quase quatro anos?
Milani: No início, estranhei, me senti um pouco intruso, porque aquele é o universo deles e eles já se entendem pelo olhar. Mas todos são colegas formidáveis e me receberam de braços abertos, o que tornou minha participação mais natural e me fez sentir à vontade. O ambiente de trabalho em A Grande Família é muito divertido. Os acessos de risos são constantes. Durante um deles, a Marieta parou a cena, olhou para cima e disse: “Rogério Cardoso, pelo amor de Deus, deixa a gente gravar!”.

Pergunta: Você tem vasta experiência em programas de humor como ator e diretor. Como você avalia os atuais programas de humor da TV?
Milani: Eu vejo com muito bons olhos essa volta do humor à TV, porque amplia o mercado de trabalho. Mas o humor que se faz hoje é apenas deboche. Você até ri, mas esse humor não têm conseqüências. Fico frustrado quando pego um texto de humor e não vejo nenhuma proposta de crítica. Sinto falta do humor que informa, critica e aponta caminhos.




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