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Morre Roberto Drummond, autor de 'Hilda Furacão'
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
21/06/2002 | 18:36
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O escritor mineiro Roberto Drummond, autor de Hilda Furacão, morreu nesta sexta aos 68 anos em decorrência de parada cardíaca. Ele foi levado ao hospital Biocor, em Belo Horizonte, na noite de quinta, mas não resistiu, tendo o óbito registrado por volta da 0h30. Seu corpo foi velado em um caixão coberto pela bandeira do Clube Atlético Mineiro e enterrado às 17h, no cemitério do Bonfim na capital mineira.

Colunista do Estado de Minas, Drummond trabalhou até a tarde desta quinta, quando esteve na Redação do jornal para entregar seu texto Seja o que Deus Quiser, sobre o confronto Brasil e Inglaterra pela Copa do Mundo. No mesmo dia, segundo jornalistas do Estado, queixou-se de uma forte gripe.

O futebol era sua paixão. Torcedor fanático do Atlético, Drummond deixou a cultuada frase: “Se houver uma camiseta preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”.

Segundo a filha do escritor, Ana Beatriz, seu pai já havia apresentado sintomas de infarto, mas recusava-se a ir ao médico com receio de ser proibido de assistir aos jogos da Seleção. Ana Beatriz afirmou que ele vivia uma certa expectativa devido ao jogo contra os ingleses.

Em sua carreira de escritor, Roberto Drummond foi autor combativo e corajoso. Seu livro Sangue de Coca-Cola (1980) critica a ditadura militar e insere na história os verdadeiros nomes dos bois: Castelo Branco, Costa e Silva e Garrastazu Médici. “E eu provo um pouco do meu sangue: tem gosto de Coca-Cola, Tati, e eu descubro que isso é a causa de tudo de ruim que aconteceu comigo e com o Brasil”, diz um trecho da obra.

Escreveu Hilda Furacão em apenas 64 dias para cumprir um prazo com a editora. Não apostava no romance, mas foi o que lhe deu a popularidade quando virou minissérie estrelada por Ana Paula Arósio, na Globo. Iniciou a carreira literária com A Morte de D.J. em Paris, em 1975, ganhando o Prêmio Jabuti.

Drummond nasceu em 21 de dezembro de 1933, em Ferros, e foi para a capital mineira na adolescência. Nos anos 50, militou no movimento estudantil e, em seguida, começou a atuar como jornalista. Deixou o cargo de editor da revista Alterosa e foi para o Estado de Minas, onde trabalhou como repórter e subeditor do caderno cultural. No mesmo jornal, escreveu uma coluna de esportes até sua morte. Foi também repórter de Última Hora e Binômio.




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