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Caiarara pode desaparecer
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
02/12/2012 | 07:00
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Divulgação ICM Bio/Val Campos


Olhe bem para a foto ao lado. É o macaco-caiarara. A espécie exclusivamente brasileira, cujo nome científico é Cebus kaapori, pode sumir da natureza. O animal faz parte da lista de 25 espécies de primatas mais ameaçadas de extinção no mundo. O relatório foi divulgado pela União Internacional para a Conservação da Natureza durante Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a COP-11.

O macaco-caiarara é encontrado em uma área pequena na Amazônia, que fica a Leste do Rio Tocantins e ocupa trecho do Maranhão e Pará. É uma região, chamada de Arco do Desmatamento, que sofre muito com a ocupação e 70% do espaço é usado para outras atividades.

Dentre as sete principais espécies de primatas de lá, esta é a mais rara. Ele é caçado para ser vendido como animal de estimação e também para virar refeição. A espécie não suporta o corte seletivo das árvores. Ainda não há muitas informações sobre o caiarara porque ele só foi descoberto em 1992. Sabe-se, porém, que tem cara meio acinzentada e um tipo de topete negro.

Vivem em grupos de até 20 indivíduos, com mais de um macho, fêmeas e filhotes. Moram em florestas altas e maduras. São principalmente frugívoros (frutas), mas também gostam de flores, insetos e pequenos vertebrados. Por terem dieta rica, são agitados e ativos. Dormem juntos no topo das árvores.

 

Saiba mais

Além dos macacos brasileiros, estão na lista espécies do Peru, do Equador e da Venezuela como representantes da América do Sul.

O local com mais espécies ameaçadas é Madagascar, com seis. Logo em seguida aparece Vietnã, com cinco, e Indonésia, com três.

Macaco é animal silvestre, por isso, comprar, vender ou mantê-lo em cativeiro é crime. A pena é prisão, além de multa.

 

Bugio corre o mesmo risco

Outro macaco que pode desaparecer e também aparece na lista de primatas ameaçados é o brasileiro bugio-marrom ou guariba-ruivo-do-norte (Alouatta guariba guariba). Foi descrito pela primeira vez em 1812 e tem como habitat área restrita próxima ao Rio Jequitinhonha, na região de Minas Gerais.

Ele é marrom e tem cauda pênsil, conseguindo pendurar-se pelo rabo, como se fosse um quinto membro. Os bugios têm o hábito de vocalizar para marcar território. O som pode ser ouvido a três quilômetros de distância. Vivem em grupos pequenos, de até seis indivíduos, sendo um macho alfa, duas fêmeas e filhotes. Eles gostam de comer, principalmente folhas. Por causa da dieta pobre, costuma passar grande parte do dia em repouso, descansando nas árvores.

Tanto o bugio quanto o caiarara têm gestação de seis meses, nascendo um filhote por vez. Ambas as espécies fazem parte da cadeia alimentar e, além do homem, grandes gaviões, felinos e jiboias são seus maiores predadores. Há registros de bugio em cativeiro com expectativa de vida de dez anos. Na natureza, o tempo é um mistério.

 

Consultoria de Marcos Fialho, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.




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