Economia Titulo Na contramão
Mercedes-Benz anuncia
corte de 500 trabalhadores

Acordo com sindicato dos metalúrgicos prevê manutenção de
empregos até janeiro; vendas, no entanto, tiveram alta de 32%

Leone Farias
Pedro Souza
09/11/2012 | 07:24
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A montadora Mercedes-Benz informou, por meio de comunicado interno na fábrica de São Bernardo, que vai diminuir o quadro em 500 funcionários. A empresa alemã, desta maneira, assume postura que vai na contramão do último resultado de suas vendas de caminhões, cuja alta foi de 32% em outubro sobre setembro, e dos acordos com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Conforme o anúncio, a companhia não vai renovar o contrato por período determinado desses trabalhadores. A relação trabalhista dos temporários prevê que o contratante assine, de início, a data de entrada e a de saída do empregado.

O texto  informava sobre o fim da relação com os trabalhadores temporários, neste mês, não citava possível efetivação e concluía que os outros 1.000 contratados em layoff continuariam nesta situação até 31 de janeiro. Na data, a montadora faria outra avaliação para decidir o futuro desses colaboradores. Como protesto, os funcionários teriam parado a produção, por curto período, em dois setores da fábrica.

O regime de layoff definido em junho, a fim de evitar demissões, afastou profissionais com menos tempo de casa e pagou a eles salários reduzidos. Os trabalhadores voltariam à produção no dia 17, mas, após novo acordo com o sindicato em setembro, a empresa prorrogou o retorno deles em um mês e o reajuste salarial foi congelado até fevereiro. Em troca, a Mercedes fixou a garantia de emprego para todos os 13 mil funcionários da unidade de São Bernardo até janeiro.

A equipe do Diário conversou com funcionários da empresa, que revelaram o conteúdo do comunicado interno. A direção da Mercedes-Benz estava reunida, até o fechamento desta edição, discutindo o assunto. Porém, informou que segue analisando a situação e estudando as melhores alternativas para o caso dos desligamentos, alegando que o cenário está sendo avaliado.

SINDICATO - Procurado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não passou informações sobre o assunto. Mas, segundo os trabalhadores, em assembleia ocorrida ontem, na frente da sede da entidade, os dirigentes do sindicato deixaram claro que vão lutar para que os 500 temporários sejam efetivados.

Ontem, os colaboradores da fábrica foram informados pelo sindicato sobre nova assembleia, no estacionamento da Mercedes, hoje, às 5h. Segundo alguns deles, a entidade pretende apresentar, e colocar em votação, os próximos passos para que não ocorram desligamentos.

Além de quebrar os acordos com o sindicato, a Mercedes pode ir contra uma das determinações do governo federal. A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os veículos foi concedida com a contrapartida de que as montadoras mantivessem os empregos. Os caminhões tiveram o imposto reduzido de 5% para zero.

Questionado se o fim dos contratos por período determinado configurava redução no emprego na Mercedes, o Ministério do Trabalho e Emprego não se manifestou.

Até o fechamento desta edição, o Ministério da Fazenda e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), também não apresentaram seus posicionamentos sobre o anúncio de desligamento coletivo relatado pelos trabalhadores da fábrica.

 

Incentivos do governo provocam reação nas vendas de caminhões

A crise econômica mundial abalou o setor de caminhões e as montadoras viram as suas vendas diminuírem em relação aos meses anteriores. No ano, o setor amarga queda de 21,8% nos licenciamentos até outubro, em relação ao mesmo período de 2011. Mas o cenário está mudando, e em ritmo acelerado.

No mês passado, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a comercialização cresceu 50% frente a setembro. Foram 12.301 unidades contra 8.200. Boa parte desse impulso ocorreu pelo financiamento PSI-Finame, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com juros de 2,5% ao ano. Sem contar a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ainda em vigor.

Gerente de vendas de uma concessionária da região, Luis Gambim revela que o setor vai bem. Como os compradores conseguem carta de financiamento para a liberação do dinheiro em 90 dias, sua revenda não consegue mais entregar caminhões neste ano, pois estão todos reservados.

 




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