Com certo espanto os representantes das associações comerciais do Grande ABC receberam a notícia de que os consumidores mudaram suas prioridades na hora da compra. Agora, a preferência é para descontos no momento de adquirir o presente do Dia das Crianças, a ser comemorado no dia 12. Entrar na loja, verificar o preço de uma boneca, por exemplo, e ouvir do vendedor que terá direito a 15% de abatimento, atualmente, vale muito mais na hora de comprar do que correr atrás do brinquedo que a criança escolheu. O cenário mudou neste ano em relação a 2011, quando as promoções apareciam como o quarto fator determinante para a escolha. No ano passado, o desejo da garotada era a prioridade na seleção das compras. Os valores dos produtos apareciam em segundo da lista, em 2011, e a qualidade era a terceira.

A revelação é da PIC (Pesquisa de Intenção de Compra - Dia das Crianças de 2012), do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo. As informações são referentes às sete cidades do Grande ABC. Cabe agora aos pequenos comerciantes de rua planejarem como chamar a atenção dos consumidores, tendo em vista que lojas de shoppings e grandes redes são as que mais atraem as pessoas pela variedade.

ATENÇÃO

Professor de Economia da Metodista e coordenador da PIC, Sandro Maskio avalia que os pequenos empresários da região terão que refazer suas estratégias. "Principalmente de marketing de descontos e preços", pontua. O problema é que o momento, comemorativo, é sempre bem-vindo aos comerciantes. É nas épocas de presentes que eles aproveitam para aumentar a margem de lucro, já que a cultura de dar mimos ao próximo garante as vendas.

Pesquisa da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) reflete o otimismo dos comerciantes em vender com facilidade nas vésperas de datas comemorativas. O Ifecap (Índice Fecap de Expectativas do Comércio Varejista) subiu 1% em setembro sobre agosto. Para este resultado, os empresários avaliaram que suas vendas atuais estavam 3,3% superiores às verificadas em agosto.

"Eles não têm visão macro da economia. Os comerciantes são pautados muito sobre o próprio negócio, suas vendas", explica o professor de Economia e coordenador do Núcleo de Pesquisas IFecap, Eric Brasil. " E ninguém melhor do que eles para conhecer o próprio setor", complementa.

Porém Maskio destaca que o cenário atual é outro: o endividamento das famílias está alto; a renda não cresce tanto quanto antes; e os consumidores não querem gastar muito. Os resultados da levam para esta direção. Os entrevistados, que estatisticamente representam 400 mil famílias com intenção de compra de presentes para o Dia das Crianças, apontam que vão reduzir em 11,5% o valor total de gastos, por indivíduo, para presentear os pequenos de suas famílias. Os desembolsos estimados caíram de R$ 225, em 2011, para R$ 199.

ESTRATÉGIAS - O presidente do conselho do Provar/Ibvar (Programa de Administração do Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), Claudio Felisoni de Angelo, orienta que os pequenos comerciantes de rua devem ficar atentos com as estratégias do negócio. Elas devem ser diretas e objetivas, muitas delas físicas como mudar a iluminação da loja para chamar a atenção de quem passar perto e, claro, não esquecer de decorar o ambiente com itens temáticos da data, lembrando de deixar à vista dos consumidores os brinquedos.

"E como as pessoas buscam o desconto, pois na verdade elas são seduzidas pela palavra desconto, uma dica é a utilização do ‘99'. Preços como R$ 9,99. Várias pesquisas aponta que as pessoas interpretam o preço quebrado como promoções", destaca Felisoni.

BRINQUEDOS - Se por um lado os pais, tios e avós vão dar menos relevância para o desejo da criança e pela marca do brinquedo, por outro os comerciantes podem se preparar para vender bonecas, para as meninas, carrinhos e aviões, para os meninos, e roupas para todos.

Segundo a PIC (Pesquisa de Intenção de Compra - Dia das Crianças de 2012), do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, produtos desses segmentos estão na lista de intenção de compras de 36% das 400 mil famílias que pretendem presentear no Dia das Crianças.

Outro ponto abordado pela pesquisa foi sobre a faixa etária que os consumidores pretendem presentear. E, na maioria da respostas, 68% delas, as crianças com idades entre 1 e 5 anos.

CIDADE - Santo André lidera como a primeira opção para a compra dos presentes, com 29,8% da preferência dos consumidores entrevistados em toda a região. Em seguida aparece o comércio de São Bernardo, com 27,9%. Diadema, a teceria posição, tem 13,7% das pretensões.

Professor de Economia da Metodista, o coordenador da PIC Sandro Maskio destaca que as duas primeiras cidades estão na frente pela infraestrutura da região comercial, com acessos facilitados a transportes públicos.