Economia Titulo Sindical
Greve: 52 mil trabalhadores
param hoje no Grande ABC

Metalúrgicos e bancários não chegam a acordo em campanha
salarial e cruzam os braços na região por tempo indeterminado

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
18/09/2012 | 07:27
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Metalúrgicos e bancários cruzam os braços nas portas das fábricas e agências, por tempo indeterminado, a partir de hoje. Ao todo são 52,5 mil trabalhadores mobilizados por melhores propostas salariais. Os 45 mil funcionários das indústrias de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra pleiteiam aumento de, no mínimo, 8% - índice conquistado pelo setor de fundição (1.200 trabalhadores da região). Até as 19h de ontem, 64 empresas, onde atuam 23 mil pessoas, já garantiam os 8%, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Com isso, as firmas que já se dispuseram a elevar o índice não terão suas produções paradas.

Os trabalhadores que vão parar as atividades a partir de hoje fazem parte dos grupos 2 (que abrange máquinas e eletrônicos), 3 (autopeças, forjarias e outros); 8 (trefilação e laminação, entre outros), 10 (que inclui lâmpadas e material bélico) e da estamparia.

O sindicato da região esclarece que mesmo as empresas que já sinalizaram reajustes acima da inflação dependem de negociação direta com FEM-CUT (Federação dos Metalúrgicos de São Paulo da CUT), em nome de 14 sindicatos da categoria no Estado. "Hoje haverá rodada com o Grupo 2", disse o vice-presidente do Sindicato, Rafael Marques. "Em resumo, quem não quiser que sua empresa entre em greve deve entrar em contato com a diretoria do sindicato e oferecer os 8%", concluiu.

Segundo o presidente da FEM, Valmir Marques, o Biro Biro, o ato caracteriza a luta da categoria. "O Grande ABC é uma das regiões com maior representatividade", sinaliza.

Ele explica que o objetivo da mobilização é concluir o acordo coletivo. "Dessa forma, nossa estratégia é paralisar as fábricas durante alguns dias para atrasar a produção. Só assim será possível chegar a um consenso", diz Biro Biro.

BANCÁRIOS - No caso dos bancários, categoria formada por 7.500 trabalhadores na região, a mobilização de hoje deve resultar em 50 agências fechadas - do total de 350. "Essa é nossa meta para o primeiro dia", conta o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson.

Ontem, a entidade realizou assembleias, com o objetivo de organizar a greve. No entanto, a forma como os bancos - públicos ou privados - vão se mobilizar e as agências que serão interditadas não foram informadas pelo dirigente. "Não podemos abrir nossa estratégia." O ato terá início às 7h.

Segundo Nilson, os serviços básicos (como depósito, pagamento de contas) nos caixas eletrônicos serão mantidos. "Não vamos impedir os clientes de entrarem nas agências e fazerem suas transações." Os serviços on-line e pelo telefone também terão funcionamento normal.

A categoria se mobiliza em protesto ao acordo oferecido pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos): de 6% de reajuste sobre todas as verbas salariais. Na contramão, os trabalhadores do setor financeiro pleiteiam reajuste salarial de 10,25%; piso salarial de R$ 2.416,38; PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de três salários mais R$ 4.961,25 fixos; elevação para R$ 622 dos valores de auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição.

 

Funcionários dos Correios votam greve hoje

Os rumos da campanha salarial dos trabalhadores dos Correios serão definidos hoje. Em assembleias realizadas por todo o País, sindicatos que representam a categoria e funcionários devem votar em prol da mobilização. "Não temos alternativa. Queremos paralisar as atividades", diz o secretário geral da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares), Edson Dorta Silva.

Mesmo a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) elevando o reajuste salarial de 3% para 5,2%, a categoria rejeita a proposta. Os trabalhadores pleiteiam 43,7% de aumento salarial, somados as perdas desde 1994, o índice de inflação do País e aumento real de 10%.

Com data base em 1º de agosto, a categoria é formada por 120 mil trabalhadores. Desse total, 1.400 estão empregados nas unidades da empresa no Grande ABC. Na região há 18 agências dos Correios, 20 centros de distribuição e um centro de tratamento.

JUSTIÇA - A estatal entrou com ação no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para que a Justiça determine como terminarão as negociações salariais e de benefícios.

A reunião entre as partes no Tribunal está agendada para amanhã, às 10h30. "Não sabemos se a greve pode nos gerar algum tipo de prejuízo, diante da decisão judicial. Mas, precisamos tentar", conta Silva.

Por meio de nota, a ECT informou que já adota medidas necessárias para manter a distribuição de cartas e encomendas no caso de possível paralisação.

RELEMBRANDO - Assinar o acordo coletivo (nacional/unificado) em 2011 também não foi fácil. A categoria permaneceu 28 dias paradas. As negociações foram parar na Justiça. A greve só chegou ao fim depois do acordo fechado no TST. O dissídio foi a julgamento e houve acordo de reajuste salarial de 6,87% e aumento linear de R$ 80.

 

Sindicato anuncia acordo aos metalúrgicos

Depois de aceitar a proposta salarial feita pela General Motors, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano comunicou ontem, aos 12,5 mil trabalhadores da fábrica instalada na região, a decisão. Por meio de panfletos e carro de som, os funcionários foram informados que terão aumento de 8,24% (somados reposição da inflação e 2,7% de aumento real) a partir do dia 1º, mais abono salarial de R$ 3.250 a ser depositado amanhã.

O acordo prevê ainda que o reajuste não seja repassado nos valores pagos pelos trabalhadores em transporte e refeição pelo prazo de um ano; não haverá desconto do dia parado e no caso de reposição aos sábados, haverá acréscimo de 75% e não 50% sobre o valor da hora de trabalho. A data base é em 1º de setembro.

Na sexta-feira, o sindicato solicitou audiência de conciliação do dissídio coletivo na Justiça - ocasião em que assinou o acordo coletivo deste ano. A proposta feita pela GM já havia sido aceita pelos 7.500 metalúrgicos de São José dos Campos (interior paulista), onde a montadora mantém outra fábrica.

Segundo o secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Cícero Marques da Costa, os funcionários aceitaram de forma ‘tranquila' a decisão. "Procurar a Justiça foi uma forma de darmos fim ao impasse nas negociações".

A categoria em São Caetano é formada por 12,5 mil funcionários, que pleiteavam reajuste de 10,2% (5% de aumento real e reposição da inflação). Em 2011, após estados de greve, os trabalhadores da GM conquistaram reajuste salarial de 10,8%, injetando na economia da região R$ 3,7 milhões. Além do aumento, foi acertado o pagamento de abono de R$ 3.000.

 

 




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