Política Titulo Eleições 2012
Prefeituráveis se
poupam em debate

Debate realizado entre candidatos a prefeito de Santo
André tem tom morno, ao contrário do que se esperava

Cadu Proieti
Fábio Martins
09/08/2012 | 07:40
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Diferentemente da expectativa, os candidatos ao Paço de Santo André, em sua maioria, evitaram ontem confronto entre si no debate eleitoral realizado pela Rádio ABC e jornal Bom Dia, dando tom morno ao evento. Essa foi a primeira vez que os seis postulantes estiveram frente a frente.

Demonstrando cautela, fizeram críticas leves com espasmos de enfrentamento. "Estava preparado para todo tipo de questionamento. Foi tranquilo", ponderou o prefeito Aidan Ravin (PTB), que seria alvo, mas não foi.

O sexteto contém dois nomes - sem incluir Aidan - que integraram o governo. O ex-homem-forte da gestão Nilson Bonome (PMDB) e o ex-funcionário do CHM (Centro Hospitalar Municipal) Alexandre Flaquer (PRTB) foram pouco efusivos. O vínculo fez com que o peemedebista realçasse projetos do Executivo no período em que teve status de supersecretário. "Conseguimos três UPAs e aumento de 29,5% ao funcionalismo (em três anos)."

O prefeito, surpreendentemente, foi quem utilizou de ataques ao defender-se de apontamentos na Saúde feitos pelo petista Carlos Grana, de que Aidan não cumpriu plano da campanha de 2008. "O senhor não conhece a Saúde daqui. Não frequenta nem morava aqui até um ano atrás."

Grana alegou que sua estratégia não será de entrar em acusações pessoais com qualquer rival. "Tenho que fazer críticas ao governo e não ao prefeito. Pude esclarecer, não a ele, mas àqueles que, eventualmente, tenham alguma dúvida da minha história, desde meu nascimento (na Vila Palmares) até hoje."

Candidato do Psol, Marcelo Reina diz que houve respeito mútuo com "discursos de sempre". "Só o óbvio. Não cola." Para ele, havia tendência de "chapa branca". "Há incoerência. Todos estão colocados em questão situacional. Querem o Paço, mas o modelo não mudará."

O postulante pelo PDT, Raimundo Salles, criticou a falta de interlocução da gestão Aidan em esferas superiores, justificando que apenas sua chapa, tendo o PSDB como vice, tem a chance de aproximar-se dos governos estadual e federal.

O caso Semasa sequer foi mencionado na sabatina. A Polícia Civil investiga suposto crime de esquema de corrupção envolvendo liberação de pagamento a fornecedores da autarquia e Prefeitura.

 

Com pouca verba na campanha, Reina explora visibilidade

Com o teto de R$ 98 mil para utilização na campanha, sendo a menor entre os seis prefeituráveis, o candidato do Psol à Prefeitura de Santo André, Marcelo Reina, afirmou que utilizou o tempo do debate para apresentar projetos e sua ideologia, já que não pode gastar muito com publicidade.

"Ninguém vê banner meu por aí porque não recebo doações de empresários. Se fizesse isso, ficaria com rabo preso e dependente da iniciativa privada. O custo da nossa campanha é reduzido, mas isso me dá vantagem, porque meu compromisso é ser independente. Posso fazer integração do ônibus, porque não fico refém das empresas", comentou.

Durante suas declarações, Reina disse que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas), prometida pelos outros prefeituráveis, não pode ser considerada solução para os problemas na Saúde, pois não trata de casos de alta complexidade.

"Acho que fui o destaque do debate, porque todos os demais candidatos foram iguais", afirmou.

 

Bonome fala sobre realizações de quando era secretário

 

Durante várias declarações durante o debate, o candidato à Prefeitura de Santo André pelo PMDB, Nilson Bonome, discorreu sobre suas realizações da época em que atuou como secretário. O peemedebista chegou a chefiar três Pastas (Gabinete, Finanças e Saúde) na gestão de Aidan Ravin (PTB) e deixou a Prefeitura em janeiro brigado com o petebista.

O prefeiturável citou a construção das três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento 24 horas) durante a administração como iniciativa de seu trabalho e disse ter méritos também nas implementações das academias ao ar livre, bandeira do atual governo.

Durante o confronto, Aidan e Bonome chegaram a trocar elogios, mas o postulante do PMDB negou que houve alinhamento entre os dois. "Temos opiniões divergentes na questão administrativa. Sem dúvida o prefeito teve o reconhecimento de que tinha um secretário com capacidade para assumir o Paço", disse.

 

Flaquer afaga petebista e diz que falta de opção motivou candidatura

 

Nas declarações finais do debate, o candidato do PRTB à Prefeitura de Santo André, Alexandre Flaquer, afirmou que nunca teve intenção de se tornar político, mas foi motivado a concorrer ao Paço andreense pela falta de opção de prefeituráveis, já que o cenário eleitoral apresentado na cidade não o agradou.

Durante a fala, o postulante também exaltou seu sobrenome, por se tratar de uma das famílias mais tradicionais do município.

No bloco de perguntas entre candidatos, Flaquer elogiou o projeto Cidade Interativa, criado na gestão de Aidan Ravin, que leva atividades físicas e culturais a diversos bairros. Houve troca de afagos entre os dois durante essa parte do confronto, quando ambos falaram sobre resgatar a valorização familiar no município.

O renovador-trabalhista atuou na gestão petebista por dois anos, quando trabalhou no setor administrativo do CHM (Centro Hospitalar Municipal).

 

Salles descarta  outra polarização  entre PT e PTB

Apesar da tradição eleitoral em Santo André, o candidato à Prefeitura pelo PDT, Raimundo Salles, descarta que a polarização de 30 anos entre PT e PTB seja repetida nas urnas, em outubro. O prefeiturável, que ao lado do prefeito Aidan Ravin (PTB) era o único com experiência em debate, argumentou que a dupla de partidos, atualmente, representa modelos inadequados de administração pública. "Somos a alternativa nesse processo, com conceitos técnicos de gestão."

Salles afirmou que o PDT tem capacidade de fazer governo de mudança, como "o novo", frente aos 20 anos aglomerados por alguns dos adversários no pleito. "Quem nunca teve a oportunidade de gerir são só eu e o Marcelo Reina (Psol), que não fizemos parte dessa sequência de governos que deixaram a desejar", disse, ao referir-se ao 16 anos de gestão petista, sendo representado por Carlos Grana, e aos quatro de Aidan, que contou com a participação de Nilson Bonome (PMDB) e Alexandre Flaquer.

 

Grana exalta feitos do partido e promete retomada de projetos

O candidato petista a prefeito de Santo André, Carlos Grana, exaltou os projetos concretizados pelo partido nas gestões de Celso Daniel e João Avamileno (de 1997 a 2008), as quais antecederam o atual prefeito Aidan Ravin (PDT). Na maioria de suas declarações, o petista disse que pretende retomar ações da legenda na cidade e sincronizar parcerias com os governos federal e estadual. A implementação do Orçamento Participativo, bandeira em gestões do PT, também foi citada pelo prefeiturável.

"É o primeiro debate que participo na minha vida, apesar de muitos anos na política. Gostei e vou continuar participando em todos para apresentar minhas propostas e a cidade poder escolher o que é melhor para ela", disse.

Ao ser questionado por Marcelo Reina (Psol) por que em 12 anos de governo do PT não implementou o Bilhete Único, Grana se esquivou e prometeu colocar em prática a integração na cidade dentro de 90 dias de mandato.

 

Aidan afirma que Saúde está melhor do que particular

Após sofrer críticas feitas por Carlos Grana (PT) na Saúde, o prefeito Aidan Ravin (PTB), que concorre à reeleição, respondeu à acusação de ter deixado a desejar na área, tratada como bandeira na campanha de 2008, com a alegação de que, atualmente, o sistema municipal é mais ágil que o particular. "Em hospital privado, o municípe demora cerca de três horas para ser atendido. No CHM (Centro Hospitalar Municipal) a espera é menor que uma hora."

O petebista afirmou que é difícil resolver os problemas da Saúde no município porque existe demanda bem maior do que a capacidade da cidade. "A população tem 670 mil habitantes e há 1,2 milhão com cartão SUS (Sistema Único de Saúde)".

Grana atacou dizendo que, até o fim do ano, São Bernardo, comandada pelo PT, entregará nove UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas, enquanto a gestão Aidan finalizará só três. O prefeito defendeu-se com a alegação de que "gestão não é com volume."




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