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Gringos invadem campos da
Segunda Divisão do Paulista

EC São Bernardo e Mauaense contam com nigeriano e japonês
para disputar o Estadual; jogadores admiram futebol brasileiro

Thiago Postigo Silva
Do Diário do Grande ABC
24/06/2012 | 07:30
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O Grêmio Mauaense e o Esporte Clube São Bernardo disputam apenas a Segunda Divisão do Campeonato Paulista - que vem depois da A-1, A-2 e A-3 -, mas nem por isso deixam de ser pólo para novidades. Ambos os clubes trouxeram neste ano desconhecidos estrangeiros que pretendem brilhar no futebol brasileiro, mas terão de galgar alguns degraus para alcançar a glória no País.

Na equipe de Mauá - que funciona como filial do São Bernardo Futebol Clube - quem busca lugar ao sol é o zagueiro Ryoma Nishimura, 18 anos, que foi contratado no início do ano e veio do Albirex de Niigata, sua cidade natal.

O atleta já foi relacionado para três partidas da Locomotiva na Segundona e ganhou elogios do técnico Souza. "Lógico que ainda precisa aperfeiçoar, mas tem boa qualidade. Também sabe jogar mais à frente, como volante. Se esforçar, ele pode ficar bom tempo no Brasil", destacou o comandante.

Pelo Esporte Clube, a novidade é o atacante nigeriano Jackson Christopher, 21, que somente treina na equipe. Ele ainda não foi regularizado junto à Federação Paulista de Futebol e deve estrear somente se a equipe alcançar a segunda fase da competição. De acordo com a comissão técnica, ele ainda não jogou porque precisa melhorar a condição física.

"Demanda tempo essa readaptação. Mas é excelente jogador com boa presença de área. Acho que ele vai se dar bem aqui no São Bernardo porque é forte e vem se destacando nos treinamentos", elogiou o técnico Júlio César Passarelli.

Ambos os atletas escolheram as terras tupiniquins para voltar aos seus países e vestir as camisas das respectivas seleções. "Quero defender a Nigéria em Copa do Mundo. Sonho com isso. Já realizei o sonho de jogar aqui no Brasil, e agora pretendo atuar por meu país", frisou Christopher, que sabe quem será o campeão da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. "A Nigéria, claro."

Já Nishimura revelou que teve boas referências para acertar com o Mauaense. "No Japão, tive dois amigos brasileiros que conheciam aqui. Eles me apoiaram em minha decisão. Já a família ficou receosa, mas depois aceitou", contou. "Quem sabe, um dia não jogo pelo Japão", destacou.

No entanto, ambos os atletas têm a mesma admiração pelo futebol brasileiro. "Gosto muito de ver o Ganso e o Neymar", destacou o nigeriano. "O Real Madrid e o Arsenal são os clubes que torço", completou.

Nishimura ainda ressaltou outro atleta. "Também gosto do Thiago Silva (zagueiro do Milan). Ele marca muito bem e é exemplo para mim", justificou o japonês, que também gosta do Real Madrid e ainda citou Santos e Corinthians, como os clubes brasileiros favoritos.

Comunicação é a dificuldade do dia-a-dia

O grande problema dos estrangeiros da Segunda Divisão é a comunicação, especialmente nos treinamentos. E quem mais sofreu foi Ryoma Nishimura, pelo fato de falar somente japonês e não ter tradutor no clube.

Porém, a dificuldade não foi barreira ao jogador. Desde o acerto com o Mauaense, em março, ele se divide em treinar e estudar o português em dicionários. Ele ainda sente muita dificuldade para se comunicar, mas já entende quando falam com ele.

"A língua portuguesa ainda é obstáculo, mas já entendo algumas coisas. Eu ouço algumas palavras do treinador e depois peço aos companheiros que escrevam para mim. Daí, busco no dicionário o significado", ressaltou o zagueiro, que, especialmente no dia da entrevista, teve uma tradutora.

Segundo o atacante Washington, o nipônico é muito esforçado. "Ele busca aprender e toda hora está estudando. É grande exemplo aqui no nosso grupo", emendou o jogador.

Para o técnico Souza, a dificuldade sem comunicar é natural, mas não obstáculo. "A linguagem do futebol é universal. Falo com ele por meio de gestos, e ele acaba entendendo", revelou o treinador.

No São Bernardo, a situação é pouco melhor em relação a Jackson Christopher, que fala inglês, assim como o técnico Júlio César Passarelli. Porém, com os jogadores do time profissional, a comunicação é com gestos.

"Não tem problema, utilizamos a mímica para conversar e o técnico entende que falo", destacou o nigeriano. "Algumas vezes, faço o meio campo entre eles, e a gente se vira", emendou o comandante.




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