Economia Titulo Benefício
Poder de compra cai 50%
para aposentados do ABC

Aposentados que recebiam, há 12 anos 8,6 salários-mínimos
hoje estão com apenas 4,8 mínimos, ou seja, 44% a menos

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/06/2012 | 07:57
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A cada ano que passa, quem se aposentou pelo teto da contribuição vê seu benefício encolher. Aposentados que recebiam, há 12 anos, renda correspondente a 8,6 salários-mínimos hoje estão com apenas 4,8 mínimos, ou seja, 44% a menos.

Essa retração ocorre, entre outros fatores, por causa de reajustes menores concedidos pelo governo federal para quem ganha benefícios maiores que o mínimo. Em janeiro, o aumento para o piso foi de 14,26%, mas para os que recebiam valores superiores, o índice foi de apenas 6%.

Levantamento feito a pedido da equipe do Diário pelo atuário especializado em Previdência Newton Conde, diretor da Conde Consultoria e também professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), mostra que a renda desse contribuinte, embora tenha crescido, perdeu poder de compra ao longo desse período.

Pelo estudo,  um trabalhador, após completar 35 anos de contribuição pelo teto, começou a receber, no ano 2000, o benefício no valor de R$ 1.300,35  com 53 anos.  Passados 12 anos, ele ganhará hoje R$ 2.986,23. Apesar da elevação (alta de 129%), o salário-mínimo cresceu bem mais (311%).

Conde ressalva que, no cálculo, foi levado em conta o fator previdenciário e também o tempo de contribuição, que influem na variação do benefício.

 

DEFASAGEM

Apesar do valor do benefício se manter em crescimento, a tendência é que a defasagem em relação ao avanço do mínimo se amplie, assinala o diretor de políticas sociais da Associação dos Aposentados do Grande ABC, Luís Antônio Ferreira Rodrigues. "A cada quatro anos, o aposentado perde um salário-mínimo", observa.

Por causa dessa queda de poder aquisitivo, segundo o dirigente, a pessoa que na hora em que se aposentou permaneceu pagando convênio médico empresarial de quando estava na ativa, "em oito a dez anos, não conseguirá mais pagar (o plano de saúde)".

 

PADRÃO DE VIDA

O aposentado José Goulart, de 66 anos, tinha situação de vida bem tranquila quando estava na ativa. Funcionário da Philips Lâmpadas, de Mauá, por 30 anos, ele chegava a trocar de carro a cada três anos. "Agora não consigo mais." Ele está com o mesmo automóvel há oito anos. Além disso, teve de restringir passeios e saídas para jantar fora praticamente a zero.

A mudança no padrão de vida ocorreu apesar de ele ter contribuído pelo teto por mais de 20 anos. Em seu caso, para piorar, quando se aposentou, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não lhe concedeu o benefício pelo teto. "Depois entrei com ação para revisão do benefício", disse.

 

 




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