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Oswaldo Dias adia entrega de UBS no Zaíra

Prefeito de Mauá vence queda de braço contra Paulo Eugenio,
que deixará a Saúde na segunda para concorrer à reeleição

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
01/06/2012 | 07:26
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Nario Barbosa/DGABC


O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), barrou, de última hora, a entrega da UBS (Unidade Básica de Saúde) Zaíra 3, prevista para ocorrer hoje, às 10h. O adiamento foi tomado para não dar visibilidade ao vice-prefeito e secretário de Saúde, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), que liderou movimento no partido contra o projeto de reeleição do chefe do Executivo antes mesmo de ele ficar inelegível, dia 21.

Paulo Eugenio deixará a Pasta segunda-feira na expectativa de concorrer à reeleição, em chapa encabeçada pelo deputado estadual Donisete Braga (PT) - o ex-secretário de Obras, Hélcio Silva, também está inscrito como pré-candidato ao Paço pela legenda, com o apoio de Oswaldo. Por isso, tentou marcar a cerimônia de inauguração da UBS para antes de sua exoneração, mas recebeu como resposta a incompatibilidade na agenda do prefeito.

A partir de então, o vice passou a alardear que entregaria o equipamento à população mesmo sem cerimônia inaugural. A data definida foi hoje pela manhã, justamente quando Oswaldo estará fora de Mauá, em reunião do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em Santo André.

Ao saber da movimentação, vista como insubordinação, o chefe do Executivo mandou a secretária de Governo, Mariângela Secchi (PT), avisar Paulo Eugenio de que ele não tinha autorização para entregar a UBS. Prefeito e vice não se falam desde que a "tentativa de golpe" foi deflagrada, há 15 dias.

Evitando outro mal-estar com Oswaldo, Paulo Eugenio descarta a queda de braço e garante que o motivo do adiamento é outro: o enterro de Orlando Saranti, militante histórico do PT, hoje de manhã. "Como na segunda-feira vou encaminhar minha exoneração, fica para o próximo (secretário) agendar a inauguração", conforma-se.

A UBS Zaíra 3 foi construída com emenda de R$ 1 milhão conquistada por Donisete junto ao Orçamento do Estado. A obra custou R$ 800 mil e a Prefeitura tenta autorização do Palácio dos Bandeirantes para empenhar a verba restante na compra de equipamentos.

 

ATO NULO

Em meio ao turbilhão em que se encontra o PT de Mauá, Paulo Eugenio declara que a aclamação feita pelos 480 delegados do partido (inclusive ele e Donisete) à pré-candidatura a prefeito de Oswaldo, em encontro no dia 22 de abril, não tem validade. Segundo o vice, o ato foi apenas uma indicação de candidatura própria da sigla. "Foi para definir a tática eleitoral, não os candidatos."

Questionado sobre a votação, em que os delegados, de forma unânime, levantaram seus crachás em favor de Oswaldo, Paulo Eugenio reforça a nulidade. "Tanto não teve votação que o regimento diz que a escolha de candidatos se dá somente em um segundo encontro de delegados e, mesmo assim, com o voto secreto, em cédula."

Oswaldo Dias mantêm a fala de que só não será candidato por ter ficado inelegível. "Não vou bater boca com o vice. A decisão sempre se deu desta forma."

 

Vice chora na despedida da Pasta: ‘a melhor experiência'

 

A prestação de contas do 1º quadrimestre da Secretaria de Saúde de Mauá, ontem, na Câmara, se tornou ato pomposo de despedida de Paulo Eugenio da Pasta. Ele encaminhará o pedido de demissão a Oswaldo Dias na segunda-feira para se viabilizar para a reeleição. Durante a atividade, o vice-prefeito recebeu homenagens de vereadores, funcionários da Pasta e do Conselho Municipal de Saúde. Favoreceu o clima a extensão da prestação de contas, que não ficou restrita aos primeiros quatro meses do ano, e traçou comparativos da Secretaria antes e depois de Paulo Eugenio.

"É assim que se faz SUS (Sistema Único de Saúde)", proferiu o secretário, ao término de sua apresentação. "De todas as experiências que tive, esta foi a melhor, porque mexe diretamente com a vida das pessoas", concluiu, com os olhos marejados e a voz embargada. Ele foi aplaudido de pé por seus subordinados e vereadores, menos Manoel Lopes (DEM).

O opositor foi o único a contestar a gestão de Paulo Eugenio, e criticou o salário dos 52 agentes de combate a endemias, de R$ 584, abaixo do mínimo, que está em R$ 622. "Nenhum trabalhador pode receber menos do que o salário mínimo. Então, o secretário sai devendo."

O titular considerou não haver irregularidade porque, somadas gratificações, os vencimentos dos agentes atingem R$ 784. "Mas bônus não é incorporado ao salário e o prefeito pode tirar a qualquer momento", atestou o democrata.

Como contrapartida, Paulo Eugenio mostrou números deste ano comparados com os de 2009. Houve aumento de funcionários da Pasta (de 1838 a 2985), médicos (351 a 516), equipes do Programa Saúde da Família (oito a 45), equipes de saúde bucal (seis a 23), agentes de Saúde (88 a 272) e tipos de medicamentos (105 a 183). Das obras na área, destacou o Centro de Referência da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, três UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento), uma Farmácia Popular, um Núcleo de Saúde Mental, entre outras. MR




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