Mesmo isolado, o empresário Paulo Bio (PV) mantém sua pré-candidatura a prefeito de Mauá. Ao mesmo tempo, critica Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra (PTdoB), com quem formou chapa em 2008 como vice. O verde ainda não digeriu o apoio declarado pelo trabalhista à pré-candidatura ao Paço do vereador Irmão Ozelito (PTB), o que ocorreu em 17 de abril.

Os três costuravam desde novembro via capaz de fazer frente às candidaturas do PT e de Vanessa Damo (PMDB). Bio, porém, não abriu mão de encabeçar chapa e ficou sozinho. Ele atribui o resultado da articulação ao fato de Chiquinho ter priorizado interesse particular. No início das conversas, o trabalhista era tido como o coordenador da frente, sem cogitar candidatura.

“Tínhamos o critério de avaliar o melhor perfil (para prefeito). Mas o Chiquinho passou a querer se lançar a vereador e, com isso, olhou a chapa que daria mais viabilidade a ele”, afirma Bio.

Chiquinho se defende dizendo que prorizou o interesse do seu grupo, e não particular. “Se coligo com o PV, poderia prejudicar o grupo. A chapa de vereadores do PTB é mais forte”, justifica.

Paulo Bio, que foi candidato a prefeito em 1996 (terminou em terceiro lugar), diz que sua nova empreitada atende a projeto de vida linear. “Aqueles objetivos iniciais que todo mundo tem eu já alcancei. Deus na vida, família, casa, sítio, carro importado... Eu tenho objetivo maior, que é ser prefeito de Mauá”, expõe. “Poderia estar em Angra (dos Reis, RJ), andando com o meu barco, mas estou aqui porque acredito na renovação.”

ANTIPT E VANESSA - Com discurso desenvolvimentista, Paulo Bio confronta os governos atual (de Oswaldo Dias, PT) e passados. Nos últimos 20 anos, Mauá foi capitaneada ora pelo PT, ora pelo grupo dos ex-prefeitos José Carlos Grecco e Leonel Damo. Por isso, o empresário rotula o candidato do PT (Donisete Braga briga para ser oficializado) e Vanessa Damo (filha de Leonel) de “embalagens novas em produtos antigos”.

“Não conseguem sair de faixas restritas”, avalia, para emplacar seu discurso. “Farei uso da tecnologia para equilibrar as contas (a dívida da Prefeitura totaliza R$ 1,4 bilhão). Mauá cresceu, mas não se desenvolveu como deveria. Temos de potencializar a estrutura com a chegada do Rodoanel, qualificando a ocupação dos espaços, e fazer um centro de convenções”, promete. “Não quero me colocar como melhor do que ninguém. Mas me sinto realmente preparado. Mauá precisa de uma administração moderna.”

Paulo Bio tem o apoio incondicional do prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), na empreitada. O chefe do Executivo iniciou sua carreira política em Mauá, onde foi vereador por dois mandatos. Nos bastidores, comenta-se que a candidatura do empresário atenderia a acordo com o PT para tirar votos de Vanessa Damo, inimiga de Volpi e do empresário, que foi destituído da presidência do PMDB em 2011 em manobra da deputada. O marido dela, José Carlos Orosco Júnior, assumiu a comissão provisória.

“Isso é um absurdo. Quem conhece a minha biografia sabe que jamais iria me sujeitar a papel secundário. Isso naturalmente parte de quem se sente incomodado com a minha candidatura”, rebate Bio, negando interferência do PT em seu projeto.

ALIANÇA - Apesar de ainda não ter oficializado a adesão de nenhum partido à sua pré-candidatura a prefeito, Paulo Bio garante não estar sozinho. “O PV constrói um projeto junto da população e considera importante os apoios dos partidos que estejam alinhados com este pensamento”, tergiversa. “Se pregamos renovação, temos de agir diferente desde agora, antes da campanha, sem fazer pacto com o diabo.”

O empresário, que é o presidente do PV mauaense, garante manter negociações com PCdoB, PDT, PSDC e PSDB, que tem o vereador Edimar da Reciclagem como pré-candidato ao Paço. “Ao contrário de outros grupos (como o PT), a gente (PV) vive clima de muita harmonia. Os caras são o poder pelo poder, um pisando na cabeça do outro. Não queremos isso.”