Falta de tempo. A desculpa estava na ponta da língua daqueles que deixaram para comprar os presentes do Dia das Mães ontem, véspera da segunda data mais importante para o comércio nacional - atrás somente do Natal.

Quem deixou a visita aos shoppings e aos demais centros comerciais para a última hora enfrentou situação já considerada rotina para o segundo sábado de todo mês de maio: corredores e vias lotadas, dificuldade em achar vagas para estacionar, filas nos caixas e até para usar o banheiro.

O analista de sistemas Fernando Tadeu Ottolini, 43 anos, foi um dos que teve de enfrentar os contratempos para garantir o presente da mulher. Acompanhado dos filhos gêmeos, Amália e Luiz Fernando, de 7 anos, ele vai presenteá-la com uma bolsa no valor de R$ 600. "Trabalho com ela, então não tive tempo durante a semana. Hoje ela teve um compromisso e consegui escapar", explicou.

A rotina agitada também obrigou a professora Kátia Cunha, 37 anos, a fazer somente ontem as compras para a mãe e para ela mesma, que tem dois filhos, Mariana, 2 anos, e Mateus, 10. "Comprei duas blusas, uma para mim e outra para ela, e ainda estou procurando mais alguma coisa para dar", contou Kátia, que neste ano gastou cerca de R$ 200 em lojas do Shopping Metrópole, praticamente o mesmo valor desembolsado no ano passado. Apesar disso, a professora reclamou do aumento nos preços. "Achei que as coisas estão mais caras neste ano, mas isso é algo que já venho percebendo no dia a dia."

Se por um lado a movimentação intensa no comércio na véspera do Dia das Mães pode irritar alguns consumidores, por outro faz a alegria dos lojistas do Grande ABC. A expectativa é de alta até 20% no faturamento em relação ao ano passado.

Andréia Galvano, proprietária da Feitio Urbano do Mauá Plaza Shopping, pretendia vender 10% a mais do que em 2011 apenas neste sábado. "Desde as 11h, o movimento vem aumentando, atendendo nossa expectativa para a véspera", afirmou.

Já a Fragrance do Shopping ABC estima elevar o faturamento de ontem em 20%. "A loja está com movimento bom. Até o fim do dia esperamos que cerca de 500 clientes entrem para comprar perfumes tanto para as mães quanto para as sogras", destacou a gerente Lourdes Silva.

Mesmo novo no Shopping Metrópole, Leandro Shoshima, proprietário da franquia Mahogany, estimou que o Dia das Mães será rentável. "Não tenho base de comparação com o ano passado, mas acredito que o faturamento deva ser 50% maior em relação aos primeiros meses de 2012."

Maior oferta de estabelecimentos deixa lojistas inseguros

Apesar do otimismo de alguns lojistas, há quem acredite que o Dia das Mães deste ano não será tão lucrativo quanto o de 2011. Isso porque, segundo eles, os consumidores encontram hoje mais opções de locais para a compra do que há um ano.

De acordo com a caixa da Morana do Shopping ABC, Viviane Simionato, a estimativa de venda para sábado girava em torno de R$ 15 mil. No ano passado, a loja vendeu R$ 18 mil. "Em 2011, o Grand Plaza Shopping estava fechado nesta época, e o ParkShopping São Caetano ainda não havia sido inaugurado", frisou.

Adriana Soares Garcia, gerente da Kenzut do mesmo shopping, também reclamou. "As vendas neste ano estão abaixo do esperado."

O calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima, em Santo André, embora estivesse lotado, também frustrou a expectativa de alguns lojistas. "O movimento está abaixo do previsto. Mesmo assim, esperamos alta 10% em relação a 2011", disse a gerente da Zune, Vânia Lima.

Edson Lee, proprietário da Modas Opera, reclamou das vendas. "Espero que o faturamento ao menos se iguale ao do ano passado."