Um dia após ser anunciado como o pré-candidato a prefeito de Mauá pela intitulada terceira via, o vereador Irmão Ozelito (PTB) tratou de mostrar que adotará tom de enfrentamento ao governo Oswaldo Dias (PT), que será seu adversário na eleição de outubro. Ontem, sem apresentar provas ou indícios de irregularidades, o petebista fez discurso inflamado na tribuna da Câmara contra a Saúde do município e sugeriu a criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguar os contratos da Prefeitura com a Fundação do ABC, que administra o Hospital de Clínicas Radamés Nardini.

Ozelito apresentou requerimento, aprovado pelo plenário, cobrando do Executivo detalhes dos convênios firmados na área. "Se não responderem de forma satisfatória, teremos elementos suficientes para abrir uma CPI", considerou.

A acusação é a de que a Fundação do ABC foi contratada para fornecer médicos para as três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) recém-inauguradas na cidade, sendo que, segundo o parlamentar, os profissionais foram simplesmente transferidos do Nardini, causando defasagem de pessoal no hospital e burlando o referido contrato.

Ozelito chegou a sugerir o envolvimento de vereadores no caso, mas depois disse que se expressou mal.

Para embasar a tese da transferência de profissionais, o petebista se apegou à mensagem publicada segunda-feira no Facebook pelo secretário de Saúde e vice-prefeito, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), em que o petista afirmou faltar a contratação de sete clínicos e 13 pediatras para o pleno funcionamento das UPAs (leia mais na pág. 4 de Setecidades).

HERÓI?

A bancada do PT avaliou que Ozelito "forçou a barra" ao disparar acusações contra a Saúde sem provas. O mais enfático foi o ex-secretário de Finanças Paulo Suares, aliado de primeira hora de Paulo Eugenio. "Temos fala equivocada, que não traz coisas concretas. Há de se ter muito cuidado em levar uma denúncia dessa adiante, ainda mais em ano eleitoral. O vereador não pode se apresentar como herói", rebateu. "A discussão para a solução dos problemas tem de ser construtiva e não destrutiva", concluiu.

Marcelo Oliveira foi outro petista a defender Paulo Eugenio. "A Saúde de Mauá vive período de adaptação, com o governo federal plantando a descentralização em todo o País. E adaptação não é fácil."

O presidente da Câmara, Rogério Santana (PT), se ateve a dar puxão de orelhas em Ozelito. "Ele usou termo pejorativo. Tem de tomar cuidado", alertou, ao mesmo tempo em que atribuiu a fala "ao calor do momento". 

Câmara derruba veto de Oswaldo e garante Festa de Pentecostes 

A Câmara de Mauá derrubou, por unanimidade, o veto conferido pelo prefeito, Oswaldo Dias (PT), ao projeto do vereador oposicionista Atila Jacomussi (PPS) que inclui a Festa de Pentecostes no calendário municipal de festejos. Curioso é que a manobra começou a se desenhar com o parecer desfavorável à negativa do chefe do Executivo emitido pela Comissão de Justiça, presidida pelo petista Marcelo Oliveira.

Marcelo sustentou que não haveria motivos para o veto, o que inflou Atila e Manoel Lopes (DEM). Ambos passaram a indicar, então, que a negativa de Oswaldo seria estritamente retaliação ao fato de o autor da matéria ser da oposição. Para não alimentar o conflito, a bancada do PT deliberou ser contra o veto, tratando o gesto do prefeito como um equívoco. A peça será promulgada pelo presidente da Câmara, Rogério Santana (PT), nos próximos dias.

A Festa de Pentecostes é realizada a cada dois anos pela Assembleia de Deus, igreja que tem como presidente o pastor Adelino Ribeiro, marido da pastora Genilda Ribeiro (PSC), favorita para ser a candidata a vice-prefeita de Mauá em chapa encabeçada por Atila. Com a inclusão no calendário, a Prefeitura também ficará responsável pela organização, injetando verba pública na atividade. Pelo projeto, a festa permanecerá ocorrendo a cada dois anos, no mês de maio, com a possibilidade de realização em espaços públicos.

Os vereadores aprovaram, em definitivo, a criação de 627 cargos concursados para diversos setores da Prefeitura.