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Indústrias de defesa da região vão ser catalogadas
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/03/2012 | 07:05
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Divulgação


Empresários do Grande ABC que já atuam na área de defesa e segurança, ou que pretendem fazer parte desse filão, podem solicitar a inclusão de seu negócio e produtos fabricados na lista de certificação do Ministério da Defesa. Uma vez credenciadas, as companhias terão atestado que seguem padrão de qualidade e estão aptas a fornecer ao setor, o que inclui o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, além de empresas do Exterior.

A Prefeitura de São Bernardo realizou evento ontem, no Cenforpe (Centro de Formação de Professores de São Bernardo), para divulgar essa possibilidade, que estimula a profissionalização do setor.

A catalogação, conforme explicou o Coronel Nelson Kenji, chefe de catalogação das Forças Armadas Brasileiras, segue metodologia internacional do sistema da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). "Nesse sistema de compra e venda de produtos da indústria de defesa estão incluídos 116 países", conta.

Para fazer parte desse seleto rol e ter o nome no Catálogo Brasileiro de Itens e Empresas, os empreendedores interessados deverão entrar em contato com a Secretaria de Desenvolvimento por meio do telefone 4348-1053 e falar com Eleni, ou enviar e-mail para CF51eleni.mariano@saobernardo.sp.gov.br/CF.

Quem preferir, pode procurar diretamente a Central de Operação e Arquivo da Aeronáutica, em Guarulhos. Informações podem ser obtidas pelo 2412-7999.EM

"A secretaria será um receptor das empresas que querem buscar a catalogação. Além disso, vamos tentar trazer uma unidade certificadora para São Bernardo", avisou o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Jefferson José da Conceição.

MAPA DO SETOR

Paralelamente, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) está preparando questionário para enviar aos empresários do segmento e mapear suas atividades. A distribuição das perguntas na região será feita ainda neste mês pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, em parceria com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) do município e o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

A intenção, de acordo com o professor da Universidade Federal Fluminense (parceira da ABDI na elaboração do questionário) Eduardo Brick, é fazer o elo entre o governo e o setor privado para identificar os gargalos existentes e também levantar um retrato fiel da indústria de defesa brasileira. "Queremos casar as encomendas do Ministério da Defesa com os produtos fabricados aqui", diz. "Muitos nem sabem o que é fabricado no País e compram fora." EM

Na avaliação do presidente da Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), Orlando José Ferreira Neto, um dos maiores desafios é a regulamentação da Medida Provisória 544, que estabelece normas especiais para compras, contratações de produtos, sistemas de defesa e desenvolvimento de produtos, e dispõe sobre regras de incentivo à área estratégica do setor.

Outro percalço é a formação de mão de obra qualificada. "Precisamos criar os cabeças que vão tocar essa indústria, que é um pouco sofisticada." A região já começa a se preparar com o curso de engenharia aeroespacial da Universidade Federal do ABC.

MEIO DO ANO

Questionado sobre quando a presidente Dilma Rousseff deverá bater o martelo para a escolha da fabricante de aviões-caça, que renovará a frota de 36 aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, disse que a decisão deve sair até o meio do ano. "Acredito que a escolha deva ser anunciada depois da eleição presidencial na França, em maio."

Aguardar até o resultado da votação é fundamental para que o País se certifique que os acordos comerciais com os franceses, o que inclui a transferência de tecnologia da aeronave caso seja escolhida, vão se manter.

Até o fim de 2010, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era clara a preferência pelo francês Rafale FX-2, na concorrência com os suecos da Saab, o Gripen NG, e com os norte-americanos da Boeing, com o F-18 Super Hornet. Porém, após a posse de Dilma, o assunto foi adiado sem data para ser retomado.

Apesar da preferência, a Dassault conseguiu apenas no fim do ano passado sua primeira venda internacional do Rafale, para compor a frota da Índia. Se eleita no Brasil, a empresa investirá entre 4 bilhões e 6 bilhões de euros por aqui.

CONCORRÊNCIA

A Saab inaugurou, em maio, em São Bernardo, o Cisb (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro), em parceria com Prefeitura. Uma das propostas do centro é desenvolver pesquisa para o setor de defesa e segurança, entre outros, com a tranferência de tecnologia sueca, mesmo que não seja a escolhida. Em cinco anos serão investidos US$ 50 milhões.

A Boeing desenvolveu, no fim do ano, questionário a fim de buscar subfornecedores de sua cadeia no Grande ABC. De 98 inscritas, duas foram escolhidas, a MSM Powertrain (empresa de serviços de logística, equipamento de apoio em solo e em engenharia) e a Pan Metal (faz montagem, instalação de subsistemas, peças usinadas, processamento e tratamento térmico), ambas de São Bernardo. Se eleita, vai transferir tecnologia. Nos próximos dias, novo questionário será enviado a empresas que não participaram da triagem anterior.




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