Vieira afirma que Bodinho usou material pago pela Sama para construir casa em Mauá
José Vieira da Rocha (PMDB), procurador da Comercial Nova Rochamar, que em 2010 firmou contrato emergencial com a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), acusa Vladmilson Garcia, o Bodinho, braço-direito do superintendente da autarquia, Diniz Lopes (PR), de corrupção. Segundo o empreiteiro, durante a vigência do convênio, a empresa forneceu material de construção, pago com dinheiro da Sama, para erguer a casa onde mora o assessor, na Vila Assis.
Bodinho nega a denúncia e Diniz afirma possuir gravação de que o denunciante faz a acusação a mando do presidente do PMDB municipal, José Carlos Orosco Júnior (marido da deputada estadual e pré-candidata a prefeita pelo partido, Vanessa Damo) - leia mais na reportagem ao lado.
Vieira foi aliado de Diniz até o episódio. Ele afirma que durante uma viagem que fez em julho de 2010, assessores do republicano aproveitaram do bom relacionamento com seus funcionários da época para solicitar que a Nova Rochamar apresentasse dois orçamentos de empresas distintas para a compra de 26 metros cúbicos de concreto usinado, e que a firma do peemedebista oferecesse o menor valor entre as três para justificar o fornecimento do produto.
A quantia pedida pela Rochamar foi de R$ 295 por metro cúbico, ou R$ 7.800 no total, ante R$ 302 e R$ 320 por metro cúbico das concorrentes. De acordo com a Lei Federal 8.666, o poder público pode dispensar a abertura de processo de licitação quando o valor do objeto for menor do que R$ 8.000, bastando a apresentação de três orçamentos para firmar contrato pelo menor valor.
"Fui informado pela Sandra (secretária da Nova Rochamar) de que veio o Bodinho, a mando do Diniz. Ele pediu que fizéssemos três orçamentos e que o nosso fosse o vitorioso", relata Vieira. "E, para a minha surpresa, fomos orientados a conduzir todo o material para a casa do Bodinho."
O empreiteiro apresentou nota fiscal que comprova a compra do material pela Nova Rochamar a pedido da Sama, mas não o destino do concreto usinado. "Quem é que pode falar onde entregou? Eu. O Bodinho usou para fazer parte da laje e todo o contrapiso da garagem da casa dele."
DESQUALIFICADO
A equipe do Diário foi à rua onde Bodinho construiu sua casa. Vizinhos do assessor relataram não ter conhecimento sobre o caso. A mulher dele, Telma, não quis gravar entrevista, mas sustentou que as denúncias feitas por Vieira são infundadas.
Bodinho, por sua vez, desqualificou a acusação do empresário. "Tenho índole e a ficha limpa. Já ele fala inúmeras besteiras. Está louco e quer aparecer."
Para republicano, denúncia é arquitetada por Orosco
Diniz Lopes negou que a Sama tenha pagado obra particular e respondeu à acusação do empresário e ex-aliado José Vieira da Rocha com outra denúncia. Segundo o republicano, o procurador da Nova Rochamar tomou a atitude após firmar acordo para o financiamento de sua candidatura a vereador com o presidente municipal do PMDB, José Carlos Orosco Júnior.
"Tenho gravação em que o Vieira diz que iria começar a me denunciar porque o marido da Vanessa (Damo) prometeu pagar R$ 250 mil para a campanha dele", sustenta o republicano. Segundo Diniz, a gravação está à disposição da polícia, onde registrou boletim de ocorrência contra Vieira por danos morais. "O que ele diz tem tanto fundamento que ele me acusa e sou eu quem procura a polícia", ironizou.
Ao sair em defesa de Bodinho, o superintendente da Sama contra-atacou novamente o empreiteiro, fazendo referência a processos aos quais responde na Justiça. "Ele é estelionatário. Então, faz tudo por dinheiro. E quando o cara é estelionatário, o que ele mais faz é falar. Isso resume tudo."
Orosco, por outro lado, defendeu que, como presidente do PMDB, poderá ajudar qualquer candidato do partido na eleição de outubro, mas com ressalva. "Nessa quantia (R$ 250 mil) só é possível a quem está acostumado a fazer coisa errada." O dirigente revelou que solicitou o atestado de antecedentes criminais de Vieira, e que nele nada consta.
O mandatário peemedebista atribui a falta d'água que recentemente atingiu 320 mil pessoas em Mauá ao suposto ato de corrupção na Sama. "Se o Diniz tivesse feito investimentos ao invés de se corromper, a cidade não teria ficado sem água." E finalizou cobrando a exoneração do republicano. "Se o prefeito (Oswaldo Dias, PT), diante de mais este descalabro, não o demitir, é porque é conivente." MR
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