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Empreiteiro acusa Diniz e assessor

Vieira afirma que Bodinho usou material pago pela Sama para construir casa em Mauá

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
19/02/2012 | 07:45
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José Vieira da Rocha (PMDB), procurador da Comercial Nova Rochamar, que em 2010 firmou contrato emergencial com a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), acusa Vladmilson Garcia, o Bodinho, braço-direito do superintendente da autarquia, Diniz Lopes (PR), de corrupção. Segundo o empreiteiro, durante a vigência do convênio, a empresa forneceu material de construção, pago com dinheiro da Sama, para erguer a casa onde mora o assessor, na Vila Assis.

Bodinho nega a denúncia e Diniz afirma possuir gravação de que o denunciante faz a acusação a mando do presidente do PMDB municipal, José Carlos Orosco Júnior (marido da deputada estadual e pré-candidata a prefeita pelo partido, Vanessa Damo) - leia mais na reportagem ao lado.

Vieira foi aliado de Diniz até o episódio. Ele afirma que durante uma viagem que fez em julho de 2010, assessores do republicano aproveitaram do bom relacionamento com seus funcionários da época para solicitar que a Nova Rochamar apresentasse dois orçamentos de empresas distintas para a compra de 26 metros cúbicos de concreto usinado, e que a firma do peemedebista oferecesse o menor valor entre as três para justificar o fornecimento do produto.

A quantia pedida pela Rochamar foi de R$ 295 por metro cúbico, ou R$ 7.800 no total, ante R$ 302 e R$ 320 por metro cúbico das concorrentes. De acordo com a Lei Federal 8.666, o poder público pode dispensar a abertura de processo de licitação quando o valor do objeto for menor do que R$ 8.000, bastando a apresentação de três orçamentos para firmar contrato pelo menor valor.

"Fui informado pela Sandra (secretária da Nova Rochamar) de que veio o Bodinho, a mando do Diniz. Ele pediu que fizéssemos três orçamentos e que o nosso fosse o vitorioso", relata Vieira. "E, para a minha surpresa, fomos orientados a conduzir todo o material para a casa do Bodinho."

O empreiteiro apresentou nota fiscal que comprova a compra do material pela Nova Rochamar a pedido da Sama, mas não o destino do concreto usinado. "Quem é que pode falar onde entregou? Eu. O Bodinho usou para fazer parte da laje e todo o contrapiso da garagem da casa dele."

 

DESQUALIFICADO

A equipe do Diário foi à rua onde Bodinho construiu sua casa. Vizinhos do assessor relataram não ter conhecimento sobre o caso. A mulher dele, Telma, não quis gravar entrevista, mas sustentou que as denúncias feitas por Vieira são infundadas.

Bodinho, por sua vez, desqualificou a acusação do empresário. "Tenho índole e a ficha limpa. Já ele fala inúmeras besteiras. Está louco e quer aparecer."

 

Para republicano, denúncia é arquitetada por Orosco

 

Diniz Lopes negou que a Sama tenha pagado obra particular e respondeu à acusação do empresário e ex-aliado José Vieira da Rocha com outra denúncia. Segundo o republicano, o procurador da Nova Rochamar tomou a atitude após firmar acordo para o financiamento de sua candidatura a vereador com o presidente municipal do PMDB, José Carlos Orosco Júnior.

"Tenho gravação em que o Vieira diz que iria começar a me denunciar porque o marido da Vanessa (Damo) prometeu pagar R$ 250 mil para a campanha dele", sustenta o republicano. Segundo Diniz, a gravação está à disposição da polícia, onde registrou boletim de ocorrência contra Vieira por danos morais. "O que ele diz tem tanto fundamento que ele me acusa e sou eu quem procura a polícia", ironizou.

Ao sair em defesa de Bodinho, o superintendente da Sama contra-atacou novamente o empreiteiro, fazendo referência a processos aos quais responde na Justiça. "Ele é estelionatário. Então, faz tudo por dinheiro. E quando o cara é estelionatário, o que ele mais faz é falar. Isso resume tudo."

Orosco, por outro lado, defendeu que, como presidente do PMDB, poderá ajudar qualquer candidato do partido na eleição de outubro, mas com ressalva. "Nessa quantia (R$ 250 mil) só é possível a quem está acostumado a fazer coisa errada." O dirigente revelou que solicitou o atestado de antecedentes criminais de Vieira, e que nele nada consta.

O mandatário peemedebista atribui a falta d'água que recentemente atingiu 320 mil pessoas em Mauá ao suposto ato de corrupção na Sama. "Se o Diniz tivesse feito investimentos ao invés de se corromper, a cidade não teria ficado sem água." E finalizou cobrando a exoneração do republicano. "Se o prefeito (Oswaldo Dias, PT), diante de mais este descalabro, não o demitir, é porque é conivente." MR




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